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PF encontra cerca de R$ 200 mil em casa do presidente do PP

A Procuradoria-Geral da República suspeita que o senador e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o Dudu da Fonte, tentaram comprar o silêncio de um ex-assessor que tem colaborado com as investigações da Lava Jato

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Por Fabio Serapião e Breno Pires
Atualização:

BRASILIA/DF 04/06/2013 NACIONAL SENADOR CIRO NOGUEIRA FOTO Lia de Paula / Agência Senado  

A Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 200 mil na residência do presidente nacional do Partido Progressista (PP), o senador Ciro Nogueira. A informação sobre apreensão de valores foi confirmada pelo advogado do senador, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Nogueira teve o gabinete no Senado Federal e a residência em Teresina (PI) alvos de busca e apreensão da PF nesta terça-feira, 24.

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A Procuradoria-Geral da República suspeita que o senador e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o Dudu da Fonte, tentaram comprar o silêncio de um ex-assessor que tem colaborado com as investigações da Lava Jato que miram a suposta participação dos dois em uma organização criminosa. O deputado também foi alvo de busca.

De acordo com Kakay, o fato da PF ter encontrado valores na residência do senador é "facilmente justificada, poiso Senador tem em seu IR(imposto de renda) valores em moeda regularmente declarados."

"Ademais, dentro dos cofres localizados na residência, cujas senhas foram voluntariamente fornecidas pelo casal, também tinham pertences e valores particulares de sua esposa, que é deputada federal", disse Kakay que avisou que irá solicitar a devolução dos valores.

Segundo a PGR,  tentativa de obstrução da investigação inclui o pagamento de despesas pessoais, ameaças e até proposta para a mudança do teor de depoimento que incriminaria os alvos da operação de hoje. O objetivo das medidas cautelares cumpridas na manhã de hoje, diz o MPF, é reunir mais provas provas de que houve atuação para compra de silêncio.

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Além das buscas, a PF cumpriu um mandado de prisão contra o ex-deputado Márcio Junqueira, que seria ligado ao senador. Além dos gabinetes ocupados pelos parlamentares no Congresso Nacional e dos respectivos apartamentos funcionais, em Brasília, foram realizadas buscas em endereços residenciais na capital federal, em Teresina (PI), Recife (PE) e Boa Vista (RR).

Inquérito. A operação de hoje tem relação com um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal em setembro passado, no âmbito da Lava Jato, para apurar repasses a políticos do Partido Progressista - do qual Nogueira é presidente.

Depois de um desmembramento no inquérito na semana passada, o que segue sendo investigado no inquérito é o repasse de R$ 1,6 milhão aos deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL), Eduardo da Fonte (PP-PE) e ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), em 2011, por meio de um contrato fictício com a empresa KFC Hidrossemeadura, pertencente a Leonardo Meirelles e o grupo Queiroz Galvão.

COM A PALAVRA, ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, ADVOGADO DE CIRO NOGUEIRA (PP)

A defesa do Senador Ciro Nogueira deseja esclarecer que a busca e apreensão efetuada na residência e no gabinete do Senador, embora a defesa entenda que foi absolutamente desnecessária, ocorreu rigorosamente dentro da legalidade, em cumprimento a ordem emanada de Ministro do Supremo. Na residência não houve documento apreendido e a apreensão de montante em espécie é facilmente justificada, poiso Senador tem em seu IR valores em moeda regularmente declarados. Ademais, dentro dos cofres localizados na residência, cujas senhas foram voluntariamente fornecidas pelo casal, também tinham pertences e valores particulares de sua esposa, que é deputada federal. Os poucos documentos apreendidos no gabinete do Senador não causam nenhuma preocupação. A afirmação de que o Senador, de alguma maneira, pudesse ter feito qualquer movimento a ser equivocadamente entendido como tentativa de obstrução é , nas palavras do Senador, completamente fora da realidade. Sequer en passant o Senador praticou qualquer ato que pudesse ser interpretado como tentativa de embaraço. A defesa reitera que o Senador Ciro continua à disposição do Poder Judiciário para todo e qualquer esclarecimento, como sempre esteve.

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COM A PALAVRA, DUDU DA FONTE

O deputado Eduardo da Fonte disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "confia na Justiça e em Deus". "Estou à disposição da Justiça sempre", afirmou.

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