Andreza Matais, de Brasília e Julia Affonso, de São Paulo
24 de novembro de 2015 | 20h51
A Justiça Federal autorizou novas buscas e apreensões em endereços do casal de lobistas Mauro e Cristina Marcondes com o objetivo de permitir o aprofundamento das investigações sobre contratos de R$ 2,4 milhões feitos entre a Marcondes & Mautoni Consultoria e a LFT Marketing Esportivo, que tem como sócio Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nova fase da Operação Zelotes, deflagrada ontem, a Justiça também aceitou novo pedido de prisão dos lobistas e de um comparsa acusado de envolvimento no esquema de compra de medidas provisórias e de espionagem de um dos investigadores.
PF deflagra nova fase da Zelotes
A Polícia Federal argumentou para a Justiça que a nova busca e apreensão era “fundamental” para “a coleta de mais elementos para aprofundarmos as investigações acerca da contratação da empresa LFT Marketing Esportivo e outros contratos escusos”. Em ofício, o delegado Marlon Cajado sustentou que as versões apresentadas por Luís Claudio e Marcondes para os contratos “se mostram contraditórias e vazias ao ponto de ao invés de elucidar os reais motivos de pagamentos da Marcondes Mautoni para a LFT, na verdade serviu para gerar mais celeuma, já que não há uma definição precisa sobre quais e quanto serviços foram de fato contratados, qual eram os reais objetos de estudos e ao que eles se destinavam e qual é a relação deles com o projeto de um centro de convenções, e a inexistência, tanto na sede da Marcondes quanto na da LFT Marketing Esportivo de documentação comprobatória que desse mínimo lastro ao serviço contratado”.
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Em nota divulgada nesta segunda-feira, 23, a defesa de Luís Claudio afirmou que o depoimento dele “concentrou-se em fatos. Não em declarações contraditórias e vazias, como se quer fazer crer agora.” O Estado não conseguiu contato com a defesa do casal Marcondes.
O relatório da PF também reforçam as suspeitas de compra da Medida Provisória 471/2009, que prorrogou incentivos fiscais para montadoras de veículos. O lobista Francisco Mirto Florêncio da Silva foi preso ontem acusado de envolvimento com o esquema de corrupção. Ele também é acusado ao lado do casal Marcondes de ter contratado uma investigação clandestina para espionar o procurador José Alfredo de Paula Silva, que atua na Zelotes. Um registro encontrado pela Zelotes indica que o fato ocorreu em 2010, mesmo ano em que o procurador investigava as negociações para a compra de 36 caças para a FAB pelo governo Lula.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE LUÍS CLAUDIO CLAUDIO LULA DA SILVA
Os advogados de Luís Cláudio Lula da Silva vêm a público reiterar que seu cliente prestou, em 4/10, esclarecimentos ao Delegado de Polícia Federal Marlon Cajado – que preside os inquéritos da “Operação Zelotes” – e forneceu sólidos fundamentos que permitem afastar as suspeitas que foram de forma injusta e precipitada lançadas sobre a prestação de serviço executada por sua empresa, a LFT Marketing Esportivo, à Marcondes & Mautoni. O depoimento concentrou-se em fatos. Não em declarações contraditórias e vazias, como se quer fazer crer agora.
Depois de sete meses de investigação, a PF não havia atribuído a Luís Claudio qualquer conduta ilícita no relatório apresentado à Justiça. Na instauração do inquérito, na Portaria correspondente, também não há qualquer descrição de conduta irregular de nosso cliente. O que existe é a mera ilação do Ministério Público, como apontou a Desembargadora Nilza Alves, que considera “suspeito” o recebimento de valores da Marcondes & Mautoni. Nada mais. A razão desse recebimento já foi apresentada.
A LFT jamais teve qualquer relação, direta ou indireta, com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). A simples observação da data de sua constituição basta para afastá-la de qualquer envolvimento com as suspeitas levantadas de relação espúria com os fatos investigados no âmbito da Operação. A LFT foi constituída em 2011 e a prestação de serviços da LFT para a Marcondes & Maltoni ocorreu entre 2014 e 2015 – mais de 5 anos depois da edição da MP 471 e sua atuação está restrita ao âmbito de marketing esportivo.
Luís Cláudio con?rmou:
Se havia alguma dúvida, o depoimento – como o ocorrido e relatado – mostra-se su?ciente para superá-la e afastar a existência de qualquer ilegalidade. As suspeitas, estas sim, são vazias. De qualquer forma, Luís Cláudio sempre colaborou e continuará a colaborar com as autoridades.
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