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PF prende 12 e desmonta fraudes de R$ 13 mi nos Correios

Operação Postal Off cumpre 12 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; Polícia Federal apura crimes de corrupção passiva e ativa, concussão, estelionato, crimes tributários, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Marcio Dolzan
Por Pepita Ortega , Pedro Prata , Marcio Dolzan , SÃO PAULO e RIO
Atualização:

Atualizada às 11h25 de 06.09.19 com posicionamento dos Correios

Correios. Foto: Rafael Arbex / Estadão

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A Policia Federal deflagrou nesta manhã desta sexta, 6, a Operação Postal Off, para desarticular um esquema de fraudes que causou prejuízo de R$ 13 milhões à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Cerca de 110 policiais federais cumprem 12 mandados de prisão e 25 ordens de busca e apreensão em três Estados - Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Na capital fluminense, a PF cumpre 28 mandados judiciais - nove de prisão preventiva e 19 de busca e apreensão. Já na capital mineira os agentes realizam buscas em um endereço ligado aos investigados e cumprem uma ordem de prisão temporária.

No Estado de São Paulo a ação acontece nos municípios de Tamboré, Cotia, Bauru e São Caetano, com a realização de cinco buscas e cumprimento de dois mandados de prisão preventiva. As ordens foram expedidas pela 7ª Vara Federal de Florianópolis.

Nenhum dos acusados teve o nome revelado para não atrapalhar as investigações, mas, segundo o delegado Christian Luz Barth, da Polícia Federal em Santa Catarina, há empresários, funcionários do alto-escalão dos Correios 'e um elemento político'.

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Barth explicou o esquema. "As grandes empresas que necessitam desse serviço de postagem - entrega de faturas, documentos em geral - têm um volume muito grande de correspondências. Elas precisam de empresas que façam a produção, a preparação de postagem e entrega no Correio, para que entre no fluxo postal", disse. "Eles tinham várias formas de burlar, às vezes com a ajuda de funcionários dos Correios, e colocavam no fluxo postal sem pagamento."

A Polícia Federal indicou que a investigação teve início em Santa Catarina em novembro de 2018, quando foi apurado o primeiro indício dos crimes praticados pelo grupo criminoso que tinha forte atuação nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A quadrilha contava com a participação de funcionários dos Correios, que faziam com que grandes cargas postais dos clientes da empresa fossem distribuídas no fluxo postal sem faturamento ou com faturamento muito inferior ao real.

De acordo com a PF, um dos principais modos de atuação do grupo era identificar e procurar grandes clientes dos Correios para fazer uma oferta: que eles rompessem seus contratos com a empresa pública e passassem a ter suas encomendas postadas por meio de contratos das empresas do grupo criminoso com a EBCT.

A investigação identificou ainda solicitações e pagamentos de vantagens indevidas envolvendo empresários, funcionários públicos e agentes políticos, configurando indícios de corrupção passiva e concussão.

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Dados preliminares da PF apontam que o esquema do grupo criminoso causou prejuízo ao menos R$ 13 milhões. O valor se refere apenas às postagens ilícitas já identificadas, 'não computado o prejuízo diário que estava sendo causado pelo grupo investigado', diz a Polícia Federal.

A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões das contas e bens dos investigados, incluídos carros de luxo e duas embarcações - uma delas um iate avaliado em R$ 3 milhões.

Segundo a PF, os investigados poderão ser indiciados por corrupção passiva e ativa, concussão, estelionato, crimes tributários, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

COM A PALAVRA, OS CORREIOS

"Com relação aos mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, os Correios informam que estão colaborando plenamente com as autoridades. A empresa permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos. Os Correios reafirmam o seu compromisso com a ética, a integridade e a transparência."

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