Andreza Matais e Julia Affonso
24 de novembro de 2015 | 15h32
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram nesta terça-feira, 24, nova fase da operação Zelotes, que apura suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Saiba mais sobre a Operação Zelotes
Estão sendo cumpridos quatro mandados judiciais autorizados pela 10ª Vara Criminal Federal de Brasília: um de busca e apreensão e um de prisão domiciliar em São Paulo e dois de prisão preventiva em Brasília.
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Duas das prisões são contra um casal, Mauro e Cristina Marcondes, que já se encontra preso desde o dia 26 de outubro. O terceiro preso, Francisco Mirto Florencio da Silva, atua como representante da dupla e é sócio de uma consultoria.
O motivo do pedido das prisões foi a descoberta de que os três, “além de integrarem organização criminosa, “investigaram”, por meio de um escritório particular”, o procurador do Ministério Público Federal, José Alfredo de Paula Silva que integra a força-tarefa da Procuradoria da República na Operação Zelotes.
Para os investigadores, a descoberta de novas informações ‘evidencia o grau de periculosidade’ do grupo, “que não se intimida sequer perante os agente de Estado, ou seja, membro do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Polícia Federal, da Receita Federal, a quem “investigam” para colher elementos intimidatórios, seja por meio de chantagem ou ameaça, seja por atentados à integridade física desses agentes”.
Anotações. No pedido de prisão, a Procuradoria da República no Distrito Federal afirma que o casal Mauro e Cristina atua como lobista e que Francisco Mirto, sócio da CVEM Consultoria, é representante dos dois em Brasília. Francisco Mirto Florencio da Silva foi um dos alvos das buscas e apreensões deflagradas no fim do mês de outubro.
Segundo o delegado da Polícia Federal Marlon Cajado, durante a busca foi apreendido na residência de Francisco Mirto um caderno de anotações com ‘grande volume de informações acerca da atividade do grupo’. Uma delas chamou a atenção da equipe de investigadores.
“Uma das informações registradas no caderno – datada do dia 7 de abril de 2010 – , deixa claro que Mirto, Mauro e Cristina investigaram o procurador regional da República José Alfredo de Paula Silva, que atualmente integra a Força-Tarefa do MPF na Zelotes”, afirmou a Procuradoria, em nota.
Na época, o procurador havia instaurado investigação para apurar a compra de caças aéreos pelo governo federal. O caderno traz, além do nome do procurador, a data em que ele voltaria de férias, telefone funcional e, em vermelho, a seguinte orientação: “investigar e informar a Cristina Mau”.
“Essa forma de atuar partindo das investigações não pode ser considerado um fato isolado, pois Mauro Marcondes e Cristina Mautoni teriam lançado mão, em outra oportunidade, de um escritório de investigação particular chamado Wagner Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros Ltda (que tem como sócios Midori Nakagawa e Marcos Wagner Machado, este um ex-policial civil), onde foram encontradas duas armas de fogo”, diz a decisão do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira.
No mesmo despacho, também foi autorizada a realização de nova busca e apreensão na sede da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa. O objetivo dos investigadores é conseguir novas provas para “materializar os vínculos espúrios evidenciados no material já arrecadado”.
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