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PF apura propina a ex-chefe de comunicação da Saúde e das Cidades

Marcier Trombiere, alvo da Acrônimo, teria viabilizado contratos para agências a pedido de empresário. Fatos teriam sido omitidos em delação premiada

Por Fabio Fabrini e de Brasília
Atualização:

Marcier Trombiere. Foto: Reprodução/Youtube

O ex-assessor Marcier Trombiere, que chefiou a comunicação dos ministérios da Saúde a das Cidades, é suspeito de receber propina para viabilizar facilidades em contratos públicos para as agências de publicidade Agnelo Comunicação e Pepper Comunicação Interativa. Os negócios com o governo foram intermediados pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, que omitiu detalhes da participação de Marcier em seu acordo de delação premiada e, por isso, poderá perder benefícios pactuados com investigadores da Operação Acrônimo.

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O envolvimento do assessor, alvo da 11ª fase da operação, deflagrada nesta quinta-feira, 27, foi citado, no entanto, na colaboração da empresária Danielle Fonteles, dona da Pepper, que admitiu ter participado das fraudes. Caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se cabe rever o acordo com Bené.

Conforme as investigações, a pedido de Bené, Marcier conseguiu que a Agnelo fosse contratada para campanha de combate à dengue no Ministério da Saúde. Na época, ele era secretário de comunicação da pasta. A agência, no entanto, não teria executado os serviços, que foram terceirizados à Pepper.

Danielle contou que, em troca da intermediação, a Pepper repassou R$ 283 mil a Bené. Em seus depoimentos, ela disse que sugeriu que o empresário pagasse R$ 120 mil, a título de comissão, a Marcier, o que, segundo ela, ocorreu.

Marcier foi transferido para cargo de coordenação na comunicação do Ministério das Cidades. Ali, segundo a Acrônimo, também atendeu a pedido de Bené para contratar a Agnelo para as campanhas "Mãos no Volante" e "Rotas da Cidade". A Pepper foi novamente subcontratada e recebeu R$ 310 mil.

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Marcier também teria viabilizado negócio de divulgação da campanha "6º Salão do Turismo" no Ministério do Turismo. Danielle contou ter sido procurada por Bené, que disse ter captado o contrato, de R$ 332 mil, valor a ser pago pela Agnelo. Em troca, a Pepper repassou R$ 127 mil a duas empresas ligadas a Bené.

Para dar aparência de legalidade aos pagamentos, foram emitidas notas fiscais frias pela Pepper, informou a delatora.

Marcier já havia sido preso em 2014, na 1º fase da Operação Acrônimo, quando voltava de Belo Horizonte com Bené num jatinho, transportando dinheiro de origem suspeita. Na época, ela colaborava para a campanha de Fernando Pimentel (PT), ao Governo de Minas. O petista, que foi eleito, também é investigado na Acrônimo, mas não é alvo da fase desta quinta.

Marcier, Bené e Agnelo de Carvalho Pacheco, dono da Agnelo na época das fraudes e filho do atual sócio da empresa, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos à PF. O juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília, autorizou também buscas nas casas e empresas dos envolvidos.

O Estado não conseguiu contato com o advogado de Marcier. A defesa de Bené não retornou aos contatos da resportagem.

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COM A PALAVRA, A AGNELO COMUNICAÇÃO

"A Agnelo Comunicação vem a público esclarecer que contratou os serviços da agência Pepper, como faz com todos os outros fornecedores da agência. Como todo trabalho da Agnelo, temos todos os arquivos e comprovantes que garantem o cumprimento de todos os trabalhos contratados. Esclarecemos ainda que nunca utilizamos os trabalhos gráficos do empresário Benedito Oliveira, conhecido como Bené. A Agnelo ainda nunca teve nenhuma relação com o Governador Fernando Pimentel e muito menos com seu Governo. A Agnelo reitera sua responsabilidade e procedimento ético em todos os seus trabalhos e está à inteira disposição das autoridades para esclarecer tudo e colaborar no que for necessário."

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