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PF aponta triangulação financeira de laboratório, Dirceu e amigo de militância

Manzolli Consultoria, de Luiz Rocha Gaspar, que tentou negócios com auxílio funerário no Bolsa Familia, é investigado por receber cota de valores de empresa de medicamentos

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José Dirce. Foto: André Dusek/Estadão

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso, Fausto Macedo e Mateus Coutinho

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A Manzolli Consultoria Comercial e Empresarial, do empresário Luiz Carlos Rocha Gaspar, amigo de José Dirceu desde os tempos de militância contra a ditadura militar, é investigada pela força-tarefa da Operação Lava Jato por receber um porcentual das comissões pagas pela empresa de medicamentos EMS à JD Assessoria e Consultoria - do ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula).

A Polícia Federal diz que a Manzolli, na prática, é uma 'consultoria da consultoria. Em relatório, o delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, que integra a força-tarefa da Lava Jato, afirma. "O 'Grupo Manzolli', portanto, figura como uma 'consultoria da consultoria', sendo um dos maiores destinatários de recursos que transitaram pela JD, devendo ser destacada ainda a coincidência de 'repasses' entre EMS X JD X Manzolli, cujo objeto ainda parece incerto."

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O relatório foi anexado ao pedido de prisão de Dirceu e de seu irmão Luiz Eduardo Oliveira e Silva - ambos foram capturados no dia 3 de agosto na Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato; Dirceu permanece preso em Curitiba, base da investigação.

Segundo o delegado, chama a atenção nas movimentações bancárias analisadas o fato de as empresas Manzolli Consultoria e Manzolli & Oliveira manterem um "padrão segundo o qual boa parte dos valores provenientes das transferências bancárias feitas pela empresa EMS S/A para a JD Assessoria e Consultoria é repassada em seguida para as empresas Manzolli & Oliveira Ltda e Manzolli Consultoria Empresarial".

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A PF montou nos autos da Operação Pixuleco 'diagramas de vínculos em formato de linha do tempo, reportando as operações ano a ano, nos quais pode-se visualizar que os repasses para os aludidos beneficiários ocorrem no mesmo dia ou nos primeiros dias úteis após o acolhimento dos valores na conta da JD Assessoria'.

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 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

São dados que abrangem o período de 2009 a maio de 2014 - quando já havia sido deflagrada a fase ostensiva da Lava Jato -, com datas coincidentes ou muito próximas e valores fixos que serviram para os investigadores corroborarem as suspeitas de relação entre os pagamentos da EMS, JD e Manzolli.

Os pagamentos tiveram início em setembro de 2009 e relacionam mensalmente o valor de R$ 140.775,00 saindo da EMS para a JD Assessoria e, subsequente, o montante de R$ 52.556,00 sendo transferido da consultoria do ex-ministro para a Manzolli.

Os pagamentos da EMS para a JD seguem mensalmente até 20 de agosto de 2014 - cinco meses após deflagrada a Lava Jato - quando é registrada a última transferência no valor de R$ 140,7 mil.

Da empresa do ex-ministro para a consultoria do amigo o último valor foi de R$ 24 mil, em maio do ano passado.

Luiz Carlos Rocha Gaspar, um dos sócios da Manzolli, é amigo de Dirceu desde a época de militância contra o regime militar. Ele não foi encontrado pela reportagem para comentar a citação a seu nome na Lava Jato.

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Pagamentos. O laboratório EMS foi a maior fonte pagadora das "consultorias" de Dirceu, segundo mostrou a quebra de seus dados fiscais e bancários. Entre 2009 e 2014 a empresa, com sede em Hortolândia, na Região Metropolitana de Campinas, transferiu R$ 7,8 milhões para a JD - que faturou ao todo R$ 29 milhões.

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A empresa de medicamentos já tinha o nome no radar da PF, após ter participado do projeto do doleiro Alberto Youssef e do ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni Ramos Bergamaschi, o PP, de fechar um contrato com o Ministério da Saúde, via laboratório Labogen - industria farmacêutica falida comprovada para lavar dinheiro, segundo a Lava Jato.

A PF quer saber dos envolvidos qual a relação da empresa do amigo de Dirceu com o contrato com a EMS. Segundo documento da Receita Federal de quebra dos sigilos da JD Assessoria, a empresa Manzolli é uma das que mais recebe repasses.

 Foto: Estadão

 

Procurado, o criminalista Marcelo Feller, que defende Eliane Manzolli, que assina pela empresa de consultoria do amigo de Dirceu, informou que ainda não teve acessos aos autos e que nada poderia comentar sobre o caso.

COM A PALAVRA. A EMS

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"A JD Consultoria prestou serviços de consultoria à EMS de 2009 a 2014. A empresa desconhece o destino final dos valores pagos à JD Consultoria e decidiu encerrar esta consultoria após a prisão de José Dirceu. A Manzolli nunca prestou serviços à EMS".

COM A PALAVRA, O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU

"A defesa do ex-ministro José Dirceu reitera que a JD Assessoria e Consultoria prestou serviços à EMS na prospecção de negócios no exterior, conforme consta no relatório da Receita Federal após quebras dos sigilos fiscal e bancário da empresa.

O advogado Roberto Podval afirma que a defesa do ex-ministro não irá se manifestar sobre documentos apreendidos pela Polícia Federal e que estão sob investigação da Justiça."

 

 

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