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PF aponta propina de R$ 2,6 milhões da JBS para Garotinho e Rosinha

Investigação que levou à prisão dos ex-governadores do Rio nesta quarta-feira, 22, revela contrato de fachada de R$ 3 milhões que teria resultado em caixa 2 de R$ 2,6 milhões para campanhas eleitorais do casal, inclusive na prefeitura de Campos dos Goytacazes, norte fluminense

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Por Julia Affonso e Fábio Serapião/BRASÍLIA
Atualização:

 Foto: Reprodução

A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio identificaram 'elementos' que apontam que o grupo JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé (RJ) para prestação de serviços na área de informática. O contrato de cerca de R$ 3 milhões serviria apenas para o repasse irregular de recursos, via caixa 2, para campanhas eleitorais dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha, presos nesta quarta-feira, 22. O montante sobre o contrato que teria sido repassado a Garotinho foi de R$ 2,6 milhões.

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O contrato falso foi firmado entre a JBS e a empresa Ocean Link e uma cópia foi entregue à Justiça pelo ex-diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. Um dos sócios da Ocean Link, André Luiz Rodrigues, também assinou acordo de colaboração premiada e contou que foi informado sobre o depósito na conta de sua empresa por um policial. Armado com duas pistolas, o policial teria obrigado Rodrigues a sacar os valores da conta. Rodrigues também é sócio de uma empresa que assinou contratos com a prefeitura de Campos à época que a esposa de Garotinho era prefeita.

Na decisão em que autorizou as prisões, o juiz Glaucenir Silva de Oliveira apontou o depoimento do empresário André Rodrigues mostra que Garotinho criou uma organização criminosa "estruturada e com divisão de tarefas e funções, com o fim de angariar vultosos recursos financeiros em períodos eleitorais em especial, através de achaques a empresas que detinham contratos de prestação de serviços ou realização de obras" na cidade de Campos dos Goytacazes "visando financiar campanhas do réu Anthony Garotinho e de seu grupo político, sendo certo que o citado réu ostentava o cargo de presidente do PR (Partido da República) no Rio de Janeiro"

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Além de Garotinho e Rosinha, a PF cumpre mais sete mandados de prisão e 10 de buscas, expedidos pela Justiça Eleitoral de Campos dos Goytacazes, município que era administrado por Rosinha até 2016. Também foi preso, por ordem do juiz eleitoral de Campos dos Goytacazes, Glaucenir Silva de Oliveira, um ex-secretário municipal do governo Rosinha, Suledil Bernardino, na prefeitura de Campos.

A PF atribui ao casal de ex-governadores os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.

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Garotinho foi preso em seu apartamento na praia do Flamengo. Rosinha foi presa em Campos. Ele deverá ser transferido para a cadeia de Benfica, onde já estão, entre outros, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e os deputados estaduais Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos peemedebistas.

A PF mobilizou aproximadamente 50 agentes e delegados no Rio, em Campos e em São Paulo.

Segundo a investigação, outros empresários também informaram à PF que o ex-governador 'cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos fossem honrados pelo poder público daquele município'.

COM A PALAVRA, GAROTINHO E ROSINHA

Querem calar o Garotinho mais uma vez

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O ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.

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O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República.

Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho.

Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da Lava Jato.

Cabe frisar que essa a operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.

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COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA DANIEL BIALSKI

O criminalista Daniel Bialski, defensor de Antônio Carlos Rodrigues, disse que o ex-ministro dos Transportes e presidente nacional do PR, deverá se entregar nesta quinta-feira. Bialski disse que Antônio Carlos Rodrigues está viajando, por isso não foi localizado pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 22.

"O decreto de prisão é um absurdo. Como se decreta a prisão preventiva depois de tanto tempo do fato e se não há nada que realmente mostre que essa prisão é necessária?", questiona Daniel Bialski, que nesta causa atua em parceria com Marcelo Bessa, advogado do partido presidido por Antônio Carlos Rodrigues.

"Você não tem qualquer elemento daqueles exigidos na lei para dizer que essa prisão dele e do genro (Fabiano) é realmente necessária para garantia da instrução penal, da segurança de testemunhas ou da ordem pública ou econômica", enfatiza Bialski. "Os fatos são extremamente discutíveis, com base em uma delação."

O advogado destaca que o ex-ministro dos Transportes do Governo Dilma (2012/2014) 'sempre teve uma vida política e pessoal abolutamente impoluta, ocupou cargos importantes na política nacional'.

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"A ordem de prisão soa, além de exacerbada, um tanto quanto exagerada."

O criminalista informou que nesta quinta-feira, 23, deverá ingressar com habeas corpus. "Antônio Carlos Rodrigues está viajando, mas vai se apresentar, obviamente, porque nada tem a esconder e não pretende, de forma alguma, afrontar uma decisão judicial."

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