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PF aponta desvios de R$ 7,4 milhões e faz buscas contra dois deputados do PL do Amapá por 'rachadinha'

Operação 'Double Crack', deflagrada nesta sexta-feira, 8, em Macapá, executa 18 mandados de buscas em Macapá no âmbito de investigação que identificou ao menos 33 assessores da Assembleia Legislativa envolvidos com o esquema

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Por Pepita Ortega
Atualização:

Assembleia Legislativa do Amapá. Foto: Kitt Nascimento/Alap

A Polícia Federal no Amapá deflagrou na manhã desta quinta-feira, 8, uma operação contra suposto esquema de 'rachadinha' na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá (ALAP) envolvendo dois deputados. A PF estima que os valores desviados, desde 2019, chegam a R$ 7,4 milhões. Entre os alvos da ofensiva estão os deputados Luciana Gurgel e Charly Jhone, ambos do PL.

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Ao todo, os policiais federais cumprem 18 mandados de busca e apreensão na capital do Estado, em Macapá. Além dos dois parlamentares sob suspeita, estão entre os alvos da operação assessores e um empresário. As ordens foram expedidas pelo Tribunal de Justiça no Estado e cerca de 50 agentes participam das diligências.

A operação foi batizada como 'Double crack', expressão que pode ser traduzida como 'dupla rachadura', em alusão ao esquema ligado aos dois parlamentares da Assembleia Legislativa.

A ofensiva mira supostos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em processo licitatório e lavagem de capitais.

A investigação teve início após a Operação Chão de Vidro, deflagrada em março de 2020, que investigou possível compra de votos nas eleições de 2018.

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De acordo com os investigadores, parte dos desvios das remunerações dos assessores parlamentares era realizado por uma mulher que tinha diversos familiares ligados ao gabinete de um dos deputados sob suspeita.

A investigada era responsável por cooptar pessoas de sua confiança, que, por sua vez, repassavam a maior parte dos valores que recebiam da Assembleia Legislativa para a suposta organização criminosa, diz a PF.

"Em um dos casos, um assessor que possuía remuneração de R$ 8.354,24 chegou a repassar mensalmente R$ 7.400,00", informou a corporação em nota.

A PF diz ter identificado ao menos 33 assessores que agiam no esquema das 'rachadinhas', sendo que apenas 14 continuam em suas funções.

Segundo a corporação, há 'fortes indícios' de que um dos parlamentares recebia valores de assessores do gabinete do outro colega, 'em uma espécie de "rachadinha" paralela'.

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Os investigadores estimam que o grupo recebia dos cofres da casa legislativa, apenas com desvio dos salários dos assessores, o valor mensal de R$ 154 mil. Ainda segundo os investigadores, parte do montante era utilizado para o pagamento de despesas pessoais de um dos parlamentares sob suspeita.

Fraude em licitação

Além da 'rachadinha', a PF diz ter identificado 'fortes indícios' de fraude na licitação - superfaturamento - na locação do prédio onde funciona a Escola do Legislativo, pela Assembleia Legislativa do Estado.

Segundo a PF, foi constado que, anteriormente, o prédio era alugado por pouco mais de R$ 13 mil para um parlamentar e que o valor do aluguel era pago com dinheiro desviado das remunerações dos assessores.

"Há indícios de que esse parlamentar teria "sublocado" o imóvel para a Assembleia Legislativa do Amapá pelo valor de R$ 44 mil. Para isso, teria coordenado as alterações no imóvel de forma a atender as especificações de termo de referência/projeto básico da licitação, antes do início e divulgação de qualquer procedimento pela Assembleia Legislativa", explicou a corporação.

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