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PF acha 'influências políticas' de Bumlai

No quarto do amigo de Lula, agentes apreenderam 51 cartões de apresentação que podem evidenciar relato de delator sobre os contatos do pecuarista preso desde 24 de novembro; 'é possível destacar empresas investigadas na Lava Jato (Petrobrás, Odebrecht e Andrade Gutierrez), estatais, empresários e políticos', diz relatório

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Lava Jato, embarca para Curitiba 

A Polícia Federal apreendeu, durante a Operação Passe Livre, 51 cartões de apresentação no quarto do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, em seu apartamento em São Paulo. Amigo do ex-presidente Lula, Bumlai está preso desde 24 de novembro, pivô do polêmico empréstimo de R$ 12 milhões concedido a ele pelo Banco Schahin, cujo destinatário final, segundo confissão do pecuarista, era o PT.

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Os cartões de visita que estavam de posse de Bumlai são de políticos, entre deputados e governadores, além de empresários e dirigentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Petrobrás.

A um relatório de 58 páginas, a PF anexou os cartões. O documento não levanta suspeita contra os nomes com os quais Bumlai teria proximidade, mas ao formalizar a apreensão nos autos do inquérito os investigadores apontam para a extensa rede de contatos do amigo de Lula, inclusive junto a empreiteiras que teriam montado cartel para fraudar licitações bilionárias da estatal petrolífera entre 2004 e 2014.

 

 

 

A PF cita o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato, que revelou os movimentos de Bumlai para favorecer a contratação do Grupo Schahin pela Petrobrás, em 2009.

"Dentre os cartões de apresentação apreendidos é possível destacar empresas investigadas na Operação Lava Jato (Petrobrás, Odebrecht e Andrade Gutierrez), empresas estatais, empresários e políticos, o que, em tese, evidencia e corrobora o depoimento do colaborador Fernando Soares (Baiano), constante às fls 11 da manifestação encaminhada pelo Ministério Público Federal ao Juízo da 13ª Vara Federal, datado de 13 de novembro de 2015, sobre as influências políticas de José Carlos Costa Marques Bumlai, que levaram a contratação do Grupo Schahin para a Operação da Plataforma de Perfuração para Águas Profundas Vitória 10.000", ressalta a PF.

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No relatório a PF afirma que a análise foi realizada de forma preliminar, 'em razão do prazo exíguo', no intuito de se identificar questões relevantes, que posteriormente possam ser aprofundadas. O documento é assinado pelos agentes Cleber Eduardo A. da Silva, Vanessa B. Floriani e William C. Stoffels.

 
 
 

'Influências políticas'. No pedido de prisão de Bumlai, a Procuradoria da República sustenta que Fernando Baiano relatou, em delação premiada, as influências políticas do amigo de Lula que levaram à contratação da Schahin. Em seu depoimento, Fernando Baiano afirmou que Bumlai o consultou para pedir ajuda 'em uma pendência' do grupo - cujo antigo braço financeiro, o Banco Schahin, emprestou R$ 12 milhões ao amigo de Lula, em outubro de 2004, dinheiro que teria sido usado para pagamento de dívidas de campanha eleitoral do PT.

"Questionado sobre qual era tal pendência, segundo o relato de Bumlai, consistia em obter um contrato de construção e aluguel de uma ou duas sondas em favor da Schahin junto à área de Exploração e Produção da Petrobrás", contou Baiano.

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O delator disse que houve dificuldade na aprovação da Schahin como operadora do navio-sonda. O negócio, segundo Fernando Baiano, foi levado por três vezes para análise da Diretoria Executiva da Petrobrás e aprovado somente na terceira vez. O lobista citou em seu depoimento o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e o ex-presidente Lula.

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"Diante das dificuldades que enfrentaram para colocar a Schahin no negócio, o depoente sempre comentava com Bumlai que talvez precisasse do apoio político dele e que fosse conversado com Gabrielli, para que conversasse com os demais diretores", disse.

Baiano afirmou que nas duas primeiras vezes não chegou a cobrar de Bumlai quem seriam os interlocutores. "Na terceira vez, porém, o depoente pressionou Bumlai para que ele acionasse os contatos dele, em especial Gabrielli e o presidente Lula; que Bumlai respondeu que o depoente poderia ficar tranquilo pois iria acionar Gabrielli e o "Barba", que era como Bumlai se referia ao presidente Lula; que Bumlai disse ao depoente que, assim que tivessem feitos os contatos, iria avisá-lo para que a questão fosse colocada em pauta; que Bumlai posteriormente avisou o depoente que tudo estava certo e que poderia levar a questão à Diretoria Executiva, pois seria aprovada; que Bumlai não citou nomes, mas afirmou que tinha conversado com as "pessoas"; que nesta conversa, ao contrário da anterior, Bumlai não mencionou quem seriam tais pessoas."

 
 
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