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PF abre inquérito para investigar Milton Ribeiro por 'gabinete paralelo' de pastores no MEC

Investigação solicitada pela Procuradoria-geral da República e autorizada pela ministra Cármen Lúcia vai apurar se ministro da Educação favoreceu prefeitos indicados por líderes evangélicos ao distribuir recursos da pasta

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Por Rayssa Motta
Atualização:

PGR deverá dizer, em até 15 dias, se também vai investigar Bolsonaro no inquérito sobre o gabinete paralelo de pastores no MEC. Foto: Ministério da Educação

A Polícia Federal abriu nesta sexta-feira, 25, um inquérito para apurar se o ministro da Educação, Milton Ribeiro, favoreceu pastores na distribuição de verbas da pasta. O caso foi revelado pelo Estadão.

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A investigação foi solicitada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que viu indícios dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Aras ainda precisa dizer se o presidente Jair Bolsonaro (PL) também será investigado. Até o momento, o inquérito atinge apenas o ministro, servidores do Ministério da Educação (MEC), pastores e prefeitos.

Em ofício enviado ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, o delegado Bruno Calandrini informou que o inquérito foi cadastrado no Serviço de Inquéritos Especiais, setor subordinado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) que cuida de investigações contra políticos e autoridades com foro nos tribunais superiores. A corporação tem 30 dias para entregar o primeiro relatório ao STF.

Ao autorizar a apuração, Cármen Lúcia disse que os fatos são 'gravíssimos' e cobrou uma 'investigação imediata, aprofundada e elucidativa'.

"O cenário exposto de fatos contrários a direito, à moralidade pública e à seriedade republicana impõe a presente investigação penal como atendimento de incontornável dever jurídico do Estado e constitui resposta obrigatória do Estado à sociedade, que espera o esclarecimento e as providências jurídicas do que se contém na notícia do crime", afirmou a ministra.

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Em áudio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, Milton Ribeiro afirma que o MEC atua com o objetivo de beneficiar os 'amigos do pastor Gilmar' e que as portas do ministério teriam sido abertas ao balcão religioso de propinas pelo presidente.

Mais cedo, a superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal já havia instaurado uma investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no MEC. A diferença é que naquela apuração, aberta com base em informações compartilhadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), Milton Ribeiro não é investigado. O foco são suspeitas de repasses irregulares de recursos, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a municípios por meio da suposta venda de acesso ao ministério. Dez prefeitos já disseram ao Estadão terem recebido pedidos de propina dirigidos por pastores.

Em transmissão ao vivo na noite de ontem, Bolsonaro disse que coloca 'a cara toda no fogo' pelo ministro da Educação. Ribeiro, por sua vez, negou que tenha determinado a distribuição de recursos para 'favorecer o desfavorecer qualquer município ou Estado' ou para 'qualquer denominação religiosa'. Também afirmou que o presidente 'não pediu atendimento preferencial a ninguém'.

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