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Perspectivas econômicas se deterioram para 2022

Por Fernando Cavalcanti e Fábio Araújo
Atualização:
Fábio Araújo e Fernando Cavalcanti. Foto: Divulgação

É atribuída a Confúcio, filósofo chinês, a máxima "Aquele que não prevê as coisas longínquas expõe-se a desgraças próximas." Longe de nós querer fazer qualquer tipo de previsão catastrófica acerca do ano que se aproxima, mas os dados apontam que não teremos um ano novo tão promissor no campo econômico.

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Olhando em retrospecto o Boletim Focus do Banco Central, é possível aferir o quanto as expectativas do mercado se deterioram em relação aos indicadores de nossa economia. Como exemplo, o IPCA, previsto no primeiro relatório Focus em 08 de janeiro deste ano, era de 3,34% contra 10,15% no divulgado no dia 29 de novembro. O IGP-M passou de 4,94% para 18,08%. É certo que a inflação vem acometendo todas as grandes economias do mundo em virtude dos choques ocasionados pela pandemia, mas o Brasil desponta como um dos países com maior taxa de inflação. A crise energética e a elevação no valor dos combustíveis são dois pontos que pressionam a aceleração nos preços de produtos e serviços, além da alta interna nos custos dos alimentos.

A alta inflacionária vem obrigando o Banco Central a realizar um ciclo de aumento dos juros que deve chegar 9,25% este ano e 11,25% em 2022, segundo estimativas do Boletim Focus, ante 3,25% observada no início do ano. Um dos efeitos do aumento da taxa de juros é o desaquecimento da economia, o que levará o crescimento em 2022 para muito próximo de zero. Alguns analistas de mercado já apontam em seus relatórios a possibilidade de haver crescimento negativo no próximo ano.

No campo fiscal, vivemos o dilema de abrir espaço "extra-teto" no orçamento para realização de despesas como o novo Auxílio Brasil, que é necessário diante do quadro social desolador, onde mais de 14 milhões de brasileiros encontra-se desempregados e muitos milhares não conseguem sequer realizar uma alimentação digna. Por outro lado, é inadmissível que o governo utilize do mesmo expediente para conceder aumentos salariais a servidores públicos, cuja intenção foi anunciada pelo presidente Bolsonaro na última semana.

A proximidade do período eleitoral exercerá forte pressão para gastos com alto viés eleitoreiro, como o vale-combustível para os caminhoneiros e os milhares de tratores adquiridos com o dito orçamento secreto.

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E para piorar o quadro, não se vislumbra no horizonte a aprovação de importantes medidas institucionais, como as necessárias reformas Administrativa e Tributária. Nem tampouco as propaladas privatizações ou venda de imóveis trilionários. Parece que a muito custo nosso "Posto Ipiranga" aprendeu que não se faz política econômica apenas com bravatas ou discursos simplistas. E o pior: teve que rasgar a fantasia do mais liberal dos liberais, apoiando medidas populistas com objetivos eleitoreiros.

O ano vindouro promete ser de grande turbulência no campo econômico e imprevisibilidade no mundo político. Precisaremos de muita resiliência para enfrentar os desafios que vêm pela frente e de sabedoria em nossas escolhas para não sermos prisioneiros das consequências.

*Fernando Cavalcanti, economista, vice-presidente do Nelson Willians Advogados*Fabio Araújo, economista, especialista em economia urbana e engenharia financeira

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