Assim, para 2020, as projeções realizadas por analistas especializados na área de estimativas da economia brasileira, indicam para o PIB venha a crescer o dobro do que o de 2019, uma taxa em torno de 2%. Para 2020 são mantidas as projeções favoráveis ao desempenho do setor agropecuário. No segmento industrial o desempenho favorável é dado aos bens de consumo não-duráveis e ao setor de consumo de bens duráveis como os eletrodomésticos. O desemprego deve apresentar uma ligeira redução, graças ao melhor desempenho do PIB, porém, sem nenhuma redução significativa, pois o crescimento do país não será, também, muito significativo.
A renda da população não deverá apresentar incremento expressivo. Grande parte dos dispêndios estarão voltados para os setores de bens de consumo. Este comportamento deverá estimular o setor de vendas a varejo da sociedade. É possível que o segundo semestre do ano, graças a circulação de fontes de recursos, como o do FGTS, seja melhor do que o primeiro.
A inflação, em consequência do ligeiro aumento da atividade econômica, deixará de apresentar a tendência de queda. Espera-se, em consequência deste comportamento da inflação, o Banco Central do Brasil reflita uma postura mais favorável a taxas de juros mais baixas e uma menor preocupação com a alta dos preços, favorecendo de forma pró ativa o crescimento econômico. O menor juro básico da economia colabora com a redução da dívida interna do país. Espera-se que, simultaneamente a estas expectativas, as instituições de fomento do país venham a assumir um papel relevante no financiamento de obras essenciais para a melhoria da infraestrutura do país. Algumas privatizações poderão ocorrer para suprir com alguns recursos o governo federal e os estaduais.
Cenário internacional
Do lado internacional, os efeitos positivos do crescimento da economia europeia, chinesa e dos Estados Unidos podem vir a causar muitas oscilações sobre a economia mundial. A guerra comercial China e Estados Unidos continuará. Ainda deve ser somado o efeito Brexit. Os países da América Latina, com instabilidades latentes, também podem agir colaborando na redução dos investimentos externos destes países. Esta redução poderá atingir também o Brasil. Assim, o cenário externo- no seu conjunto- cria grandes volatilidades e possivelmente maiores do que as observadas em 2019. Estes efeitos somados aos ajustes da economia doméstica trarão reflexos sobre a taxa de câmbio e bolsa de valores. É grande a probabilidade de que a renda variável continue atraindo apenas os investidores domésticos para o setor.
O ano de 2020 será um ano de ajustes, de mudanças e com muitos fatos latentes sobre a economia nacional e internacional. São ajustes e alterações que ainda causarão oscilações e impactos sobre a formação das expectativas e no comportamento da atividade produtiva, nos fluxos comerciais e financeiros do país e do mundo.
*Agostinho Celso Pascalicchio, doutor em Ciências; mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA. Bacharel em Ciências Econômicas e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie nas áreas de economia, economia da energia e engenharia econômica/finanças