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Perspectivas do mercado de habitação no Brasil

Por André Marinho
Atualização:
André Marinho. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O desenvolvimento urbano é frequentemente influenciado por ciclos econômicos e crises sanitárias. As epidemias mudam a realidade das cidades, impactando em serviços de água potável, políticas de habitação, criação de parques e jardins interurbanos. Apesar dos efeitos da pandemia, os governos sabem da urgência de medidas coordenadas para garantir o acesso a melhores condições de habitação.

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Em geral, a pandemia teve impactos distintos no mercado imobiliário da América Latina, sendo o Brasil a principal exceção. Apesar do aumento nas taxas de desemprego, o setor financeiro brasileiro tem mantido liquidez e capacidade de financiamento. O Brasil reformulou programas governamentais, buscando regularizar o financiamento e as taxas de juros no acesso à casa própria.

A política econômica do Banco Central de baixa taxa básica de juros também contribui para impulsionar o mercado da habitação residencial. Como resultado, o mercado de habitação se manteve aquecido apesar da pandemia. Assim, apesar da crise global, houve lançamento de novos produtos alinhados às atuais necessidades da população, com espaços de coworking, lazer e descontração, reflexo da rápida reação do setor. Em contrapartida, o mercado de locação e venda de produtos de habitação desatualizados foi impactado por não ter demanda.

Projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a população mundial atingirá 9 bilhões de pessoas até 2037. Enquanto na Europa e América do Norte as taxas de crescimento populacional são negativas, África, Ásia e América Latina vão liderar este movimento, compondo oportunidades ao setor. No início da década de 2020, e sem ter em conta os efeitos da pandemia, estimava-se que esta indústria cresceria 6% até 2021 na América Latina.

Com base na projeção populacional da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), cerca de 174 milhões de pessoas sofrem com o défice habitacional na América Latina. Por outro lado, a construção destes produtos representa 6% do Produto Interno Bruto no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a ocupação de alguns imóveis continua baixa, a demanda por produtos residenciais cresceu. No Brasil, o índice FipeZap apontou aumento de 0,4% no número de vendas e a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) reportou acréscimo de 21% na contratação de créditos imobiliários em 2020.

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O fortalecimento dos crowdfundings imobiliários também beneficiou o financiamento de novos projetos. Para a plena retomada do setor, também será preciso implementar estratégias claras de crescimento e comercialização de imóveis, focando no suprimento de habitação social e serviços. Impulsionar o mercado de habitação requer colaboração entre os setores público e privado, assim como ações transversais dos governos. Este é o momento de colocar em prática os planos gerados durante a crise para propiciar uma transição controlada rumo à nova realidade, mitigando os impactos e aproveitando as novas oportunidades.

*André Marinho é sócio-líder de Infraestrutura da KPMG no Brasil

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