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Paulo Melo, da propina de R$ 50 mi, diz à PF que sua renda vem de salários, alugueis e peixes

Deputado é alvo da Operação Cadeia Velha e chegou a ser preso na quinta-feira, 16, mas seus pares garantiram seu retorno às ruas

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Por Julia Affonso
Atualização:

Paulo Melo. Foto: Fabio Motta/Estadão

O deputado estadual licenciado Paulo Melo (PMDB), alvo da Operação Cadeia Velha - desdobramento da Lava Jato -, afirmou em depoimento à Polícia Federal que suas fontes de renda são 'subsídios recebidos do Estado do Rio de Janeiro, renda de negócios imobiliários (com recebimento de aluguéis e empreendimentos imobiliários), renda que recebe de atividades agropecuárias e renda oriunda da criação de peixes'. O parlamentar é suspeito de receber mais de R$ 50 milhões em propina.

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As declarações de Paulo Melo foram prestadas em 14 de novembro, dia em que foi deflagrada a Cadeia Velha. Na ocasião, o parlamentar foi levado pela PF para depor.

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 Foto: Reprodução

Na quinta-feira, 16, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) decretou a prisão de Melo e de outros dois parlamentares do PMDB, Jorge Picciani, presidente da Casa, e Edson Albertassi. Na sexta, 20, por 39 votos a 19, a Assembleia Legislativa do Rio derrubou a ordem do Tribunal e pôs o trio na rua.

Nesta terça, 21, o TRF2 convocou sessão extraordinária para discutir a decisão da Assembleia e mandou prender de novo os deputados.

Picciani, Melo e Albertassi são acusados de receber propina para favorecer empresas do setor de construtoras e concessionárias de transporte público, em troca de decisões favoráveis no legislativo fluminense. A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) também repassou valores aos parlamentares, segundo o Ministério Público Federal.

Paulo Melo nega. O peemedebista afirmou à PF que 'desconhece quaisquer tratativas vindas da Fetranspor, que não fossem as institucionais, para tratar de interesses do setor de transporte do RJ'.

"Nunca foi procurado por grupo de deputados na Assembleia Legislativa, ou até mesmo de governador, para tratar de interesses do setor de transporte do RJ; que inclusive foram votados projetos que contrariavam interesses da Fetranspor, como, por exemplo, a obrigatoriedade de devolver cerca de R$ 80 milhões em créditos de bilhete único que não foram utilizados", disse Paulo Melo.

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O peemedebista relatou à PF que é sócio da Vento Sul Empreendimentos Imobiliários, Mauá Agropecuária e Produtor Rural. O deputado disse 'a fonte de recursos advém das próprias atividades econômicas das empresas, sendo que, por exemplo, a Vento Sul existe há mais de 20 anos'.

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"Todas essas rendas constam de seu imposto de renda", afirmou.

A empresa Vento Sul, de acordo com a Procuradoria da República, tem como sócios Paulo Melo e seu filho, que tem uma função comissionada no Tribunal de Contas do Estado.

"Nota-se pelas relações societárias e empresariais de Paulo Melo, que há fortes indícios do uso de interpostas pessoas para figurarem como sócios de empresas vinculadas a fornecedores do Estado, com as quais são realizados negócios suspeitos que se prestariam a viabilizar, além do repasse de verbas clandestinamente ao parlamentar, provenientes de alguns desses contratos, a própria dissimulação da origem do dinheiro, empregado para o enriquecimento ilícito do investigado e para o financiamento de suas campanhas políticas", aponta a Procuradoria.

O Ministério Público Federal identifica Paulo Melo como um dos políticos 'mais influentes' do Rio e 'integrante da organização criminosa'.

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O peemedebista é eleito desde 1990 para ocupar o cargo de deputado estadual e atualmente está no sétimo mandato. Foi presidente da Alerj entre 2 de fevereiro de 2011 e fevereiro de 2015.

"O perfil profissional e patrimonial do deputado Paulo Melo segue o mesmo padrão de Jorge Picciani. Aumento exponencial a partir do seu ingresso na política, decorrente de atuação em ramos propícios à lavagem de dinheiro, como imobiliário e gado, bem como sociedade com fornecedores do Estado, com atos, tanto do legislativo, como executivo beneficiando seus negócios, seus sócios e sua base eleitoral", afirma a Procuradoria.

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