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Patrimônio de filho de amigo de Lula saltou de R$ 3,8 mi para R$ 273 mi em 8 anos

Venda de imóvel rural ao BTG Pactual, em 2012, é uma das operações colocadas em dúvida pela Receita, no documento enviado à PGR para instruir denúncia contra banqueiro André Esteves; quebra do sigilo fiscal mostra evolução patrimonial suspeita de família Bumlai

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Por Ricardo Brandt , Beatriz Bulla , de brasília e e julia affonso
Atualização:

O pecuarista José Carlos Bumlai, à esq., e o banqueiro André Esteves, presos pela Lava Jato: negócios em comum Foto: Estadão

O patrimônio declarado de um dos filhos do pecuarista José Carlos Bumlai - amigo do ex-presidente Lula preso pela Operação Lava Jato - Maurício Bumlai saltou de R$ 3,86 milhões, em 2004, para R$ 273,80 milhões, no ano de 2012. Os números são do documento Informação de Pesquisa e Investigação PR20150042, feito pela Receita Federal, que coloca suspeita sob a evolução patrimonial de toda família, incluindo uma transação imobiliária atípica com o banco BTG Pactual - do empresário André Esteves.

O documento da Receita foi anexado ao pedido de prisão de Bumlai, feito pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, e encaminhado para a Procuradoria Geral da República para embasar o inquérito que levou para a cadeia o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, e do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-SP), na última quarta-feira, 24, por tentarem obstruir as investigações.

 Foto: Estadão

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A análise feita pela Receita tem como base a quebra dos sigilos fiscais da família de Bumlai e suas empresas. O material aponta negócios suspeitos entre a família do pecuarista e o banco BTG Pactual. Os nomes de outros parentes são analisados, como de outro filho, Fernando Bumlai. Seu patrimônio declarado aumentou de R$ 3,28 milhões em 2004, para R$ 59,22 milhões em 2012.

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Ambos os irmãos tem em comum o beneficiamento de valores de uma transação suspeita em 2012 que envolveu negócios da família e o banco de Esteves. Num deles. O BTG Pactual aparece na reestruturação financeira de uma usina e também na compra por R$ 195 milhões uma fazenda dos filhos de Bumlai.

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"Resta suspeição sobre o valor efetivamente pago pelo BTG Pactual aos irmãos na compra do imóvel rural, seja para menos ou para mais, já que identificou-se valores na faixa de R$ 40 milhões e não de R$ 50 milhões para cada um, além das sequenciais incompreensíveis operações bancárias de débito da conta de Maurício Bumlai, de cerca de R$ 132 milhões, fatos que merecem aprofundamento da investigação", registra documento da Receita.

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

A venda do imóvel rural para o BTG Pactual Serviços Financeiros S/A Distribuidora de Títulos Imobiliários beneficiou três membros da família. "Neste ano de 2012, pela titularidade em condomínio com seus três irmãos do imóvel rural vendido em 05 de abril de 2012 para BTG Pactual Serviços Financeiros S/A Distr. De Tít Imobiliários, verifica-se a mesma apropriação de ganho de capital (terra nua) e de receita da atividade rural, gerando expressivo valor de recursos para Maurício Bumlai, que merece melhor aprofundamento para confirmação da correta tributação, ou eventual omissão", registra documento assinado pelo auditor fiscal da Receita Federal Roberto Leonel de Oliveira Lima, no dia 11. "Além de Maurício Bumlai ter se beneficiado deste expressivo recurso decorrente da venda do imóvel rural, como já citado, verificou-se que declarou ter contraído, adicionalmente, suposto mútuo de R$ 50 milhões, metade concedida por cada um dos irmãos Fernando e Cristiane, cujo vencimento seria em 2014, não quitado."

 Foto: Estadão
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