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Pasadena era 'ruivinha' que precisava 'de um banho de loja'

Más condições da refinaria americana, tomada pela ferrugem, viraram chacota dentro da Petrobrás

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Refinaria de Pasadena, no Texas. Foto: Richard Carson/Divulgação

As más condições estruturais da Refinaria de Pasadena, comprada pela Petrobrás nos Estados Unidos, renderam chacotas dentro da própria estatal. O novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho, afirmou que internamente Pasadena era conhecida como 'ruivinha'. A compra da refinaria é um dos alvos da Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira, 16.

"A refinaria de Pasadena passou a ter internamente o apelido de "ruivinha" por causa dos inúmeros equipamentos e estruturas que se encontravam enferrujadas", declarou o executivo à força-tarefa da Lava Jato.

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A compra da refinaria de Pasadena é um caso emblemático da corrupção instalada na Petrobrás. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.

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Entre fevereiro de 2003 e fevereiro de 2008, Mônaco foi assistente do Diretor da Área Internacional da Petrobrás. O executivo era homem de confiança do então diretor que comandava o setor, Nestor Cerveró.

Agosthilde Mônaco de Carvalho afirmou que em janeiro de 2005, durante um telefonema com o presidente da Astra Oil Alberto Failhaber, então proprietária de Pasadena, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria e teria interesse em revendê-la.

"Nesta ligação o Sr. Alberto Failhaber, perguntado sobre as condições da refinaria, disse que a mesma precisava "tomar um banho de loja" para ficar nos padrões de qualidade técnica da Petrobrás, uma vez que ela foi comprada na "bacia da almas", posto que o antigo proprietário (CROWN), por problemas financeiros, quase não mais investia em manutenção preventiva, os equipamentos estavam desgastados e mal conservados, tinham problemas de segurança operacional, a mão de obra desmotivada e, principalmente, sem crédito para aquisição de óleo, matéria-prima operacional", declarou.

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O braço-direito de Cerveró afirmou à força-tarefa da Lava Jato que uma comissão visitou a refinaria de Pasadena para avaliação. "Nesta visita, ocorrida entre os dias 29 a 31 de março de 2005, verificou que a mesma realmente encontrava-se em péssimas condições de conservação, se comparada às refinarias brasileiras e que seriam necessárias várias reformas na Refinaria para que ficasse em boas condições; que todos os membros da comissão observaram que a Refinaria não estava em boas condições; que foi elogiada a localização física, mas não a condição operacional da Refinaria; que ao retornar ao Brasil comunicou esses fatos ao Diretor Nestor e recebeu a mesma informação, "não se meta, Mônaco, isso é coisa da Presidência".

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