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Para acelerar a equidade de gênero é preciso reconhecer que as mulheres têm ambição, mas estão em exaustão

Por Tati Sadala
Atualização:
Tati Sadala. FOTO: PEDRO GASPAR Foto: Estadão

Perdi a conta de quantas vezes escutei de grandes líderes que o gap de equidade de gênero na média e alta liderança era em função da baixa ambição da mulher, que após a maternidade, reduz seu anseio profissional por não aceitar fazer renúncias em sua vida pessoal e familiar para o crescimento na carreira.

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Depois de ter passado por duas maternidades, tendo sido promovida durante ambas, assumindo liderança em áreas de negócios críticas com equipe com mais de 50 pessoas, sendo a única mulher na liderança comercial, não pude mais acreditar naquela narrativa que ouvia há mais de 15 anos, desde que entrei no mercado de trabalho. Assim, decidi me dedicar a um projeto ambicioso que pretende acelerar carreiras femininas de milhares de brasileiras.

Noventa porcento das mulheres se consideram ambiciosas, segundo estudo realizado no Todas Group, na sua base de mais de 2.000 mulheres, apesar de muitas terem receio ao se posicionarem como ambiciosas para não serem interpretadas como agressivas ou egoístas. Tatiana Brito, Head da Gatorade e Mentora no Todas, acredita que conduzir uma comunicação clara na empresa que trabalha sobre aonde quer chegar profissionalmente é fundamental para ser considerada no pipeline de liderança das organizações.

Porém, as mulheres estão exaustas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres assumem três vezes mais responsabilidades que os homens em tarefas domésticas e relacionadas à maternidade, o que equivale a um trabalho part-time a mais por mês. Essas tarefas a mais realizadas parecem ser transparentes para os parceiros, segundo estudo da Mckinsey&Company, realizado durante a pandemia: 70% dos pais dizem estarem dividindo igualmente as tarefas de casa com suas parceiras, enquanto somente 44% das mães dizem o mesmo.

A falta de tempo e de reconhecimento em casa é agravada pela falta de empatia no trabalho: 80% das mulheres, líderes e futuras líderes, dizem não se sentirem compreendidas por seus superiores, segundo o mesmo estudo conduzido no Todas Group. A maioria das mulheres diz que o discurso de liderança humanizada e empatia não se reflete em ações práticas no dia a dia.

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Apesar da falta de tempo, reconhecimento e empatia profissional, as mulheres foram protagonistas como líderes durante a pandemia. As mulheres foram avaliadas como líderes mais eficazes durante a crise, segundo estudo da Harvard Business Review. Superaram os homens em 13 das 19 competências que abrangem a eficácia geral na liderança, como Tomada de Iniciativa, Agilidade em Aprendizagem, Tomada de Decisões e Comunicação Poderosa.

E assim, vamos entrando no mês Internacional da Mulher, se a liderança do combate à pandemia tivesse uma cara com certeza seria a de uma mulher. Uma Jacinda, uma Ângela, uma Luiza ou uma Rachel. Uma que represente Todas.

Ambiciosas e exaustas.

*Tati Sadala é cofundadora do Todas Group, plataforma digital que acelera carreiras femininas

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