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Palocci diz que entregou dinheiro vivo da Odebrecht a Lula em caixas de celular e de uísque

Em delação premiada, ex-ministro dos governos do PT declarou, no dia 13 de abril do ano passado, que ex-presidente pegou quantias de R$ 30 mil, R$ 40 mil e até R$ 80 mil de cada vez da empreiteira

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Luiz Vassallo
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:

Lula e Palocci. FOTO DIGITAL: CELSO JUNIOR/AE  

O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil dos governos do PT) afirmou em delação premiada na Polícia Federal que entregou propinas em espécie para o ex-presidente Lula. Ele relatou pelo menos dois episódios aos investigadores, um no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, e outro no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em que teria entregue dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht em uma caixa de celular e em uma caixa de uísque.

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DELAÇÃO

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Palocci depôs no dia 13 de abril do ano passado, uma semana depois que o ex-presidente foi preso para cumprir pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá.

As informações sobre a delação de Palocci foram reveladas pelo site O Antagonista e confirmadas pelo Estadão.

Este relato do ex-ministro foi anexado nesta quinta, 17, ao inquérito da PF que investiga supostas fraudes na licitação e construção da usina de Belo Monte.

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Trecho do depoimento 

Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a empreiteira entrou no negócio de Belo Monte.

O delator, que foi alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato em 2016, livrou-se da prisão depois que fechou acordo de delação com a Polícia Federal.

No depoimento de abril do ano passado, Palocci afirmou ter repassado 'em oportunidades diversas' cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em espécie para o próprio Lula.

Segundo Palocci, 'os valores eram demandados pelo próprio Lula com a orientação para que não comentasse sobre os pedidos com Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) e nem com ninguém'.

Ele afirma que 'sempre atendia aos pedidos de Lula'.

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Indagado pela PF se tinha testemunhas de suas revelações, Palocci apontou dois motoristas que trabalhavam para ele, na ocasião.

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Palocci detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no valor de R$ 50 mil 'escondidos dentro de uma caixa de celular'. A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que recorda-se que a caminho do aeroporto 'recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega'.

O ex-ministro falou, ainda, de uma reunião com outra empreiteira, Andrade Gutierrez, na qual teria sido acertado pagamento de 1% em propinas sobre o valor recebido pelo grupo nas obras de Belo Monte. Em troca, Palocci atuaria contra um consórcio que estava tentando 'atravessar' a licitação.

COM A PALAVRA, A DEFESA

O ex-presidente Lula sempre negou recebimento de valores ilícitos. A Odebrecht informa que colabora com a Justiça nos termos do acordo que firmou com a Lava Jato. A reportagem está tentando contato com a Andrade Gutierrez.

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