Os integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, classificaram os lobistas Jorge Luz e seu filho Bruno Luz como "profissionais do crime" e principais operadores do propina do PMDB no esquema de corrupção descoberto na Petrobrás. Os dois tiveram prisão preventiva decretada na 38ª. fase das investigações - batizada de Operação Blackout -, deflagrada nesta quinta-feira, 23.
"São dois operadores de extrema relevância. Talvez sejam os maiores operadores da área Internacional da Petrobrás, os mais ligados ao PMDB", afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, durante entrevista coletiva na manhã desta quinta, em Curitiba.
Jorge e Bruno Luz estão fora do país e não foram presos ainda.
"Operavam principalmente na área Internacional e para o PMDB, embora tenha operado também nas diretorias de Serviços e de Abastecimento (que eram ligadas ao PT e PP, respectivamente)", explicou Mattos.
Com auxílio de autoridades internacionais e com base nos depoimentos de delatores da Lava Jato, que apontaram o envolvimento dos lobistas no esquema de corrupção na Petrobrás, a força-tarefa chegou à contas secretas na Suíça e nas Bahamas, abertas em nome de offshores, usadas para pagamentos de propinas, em especial em contratos da área Internacional.
Dois deles são da compra e operação dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000. O negócio já é alvo de processos na Justiça Federal contra o ex-diretor de Internacional da estatal Jorge Zelada e contra o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Jorge e Bruno Luz também teria envolvimento em corrupção referente à venda, pela Petrobrás, da Transener para a empresa Eletroengenharia, informou o Ministério Público Federal. Há ainda negócios sob investigação na área de Abastecimento: contrato de aluguel do terminal de tancagem para a Trafigura e de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine. E na área de Serviços: por contratos de construção de plataformas para exploração de petróleo nos campos do pré-sal, para a Petrobrás, via empresa Sete Brasil.
Na decisão em que mandou prender Jorge e Bruno Luz, o juiz federal Sérgio Moro - dos processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba - destacou que "o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos" em pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobrás, "aliada à duração da prática delitiva por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas secretas em nome de off-shores no exterior (cinco já identificadas, sendo quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação criminal profissional".