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Pagamentos poderiam ser feitos em qualquer país do mundo, menos nos Estados Unidos

Chefão do setor de propinas afirmou que movimentação de caixa 2 em contas secretas em nome de offshores em bancos norte-americanos estava vetada por medo de autoridades locais

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Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:
 Foto: Estadão

"Nós decidimos que não faríamos pagamento a ninguém naquele país, porque era um país complicadíssimo, iria interferir nos assuntos, e nós não queríamos a interferência dos Estados Unidos nesses assuntos", explicou o delator, ao ser ouvido em 6 de março, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ação contra a chapa presidencial Dilma Rousseff (PT), presidente, Michel Temer (PMDB), vice, de 2014.

 

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Em depoimentos prestados ao TSE, o presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos do setor de propinas desenharam como funcionava o fluxo de caixa da propina e caixa 2 da empresa, as regras para se movimentar dinheiro dentro e fora do Brasil, uma máquina que foi usada pelo PT para bancar e pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff para bancar o marqueteiro João Santana - magos das últimas 3 campanhas presidenciais (2006, 2010 e 2014).

Santana e a mulher e sócia, Mônica Moura, mais novos delatores da Lava Jato, são ouvidosnesta segunda-feira, 24, no TSE, pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo.

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Rede de contas. Santana foi abastecido por pelo menos três contas em nome de empresas offshores (fora do País e que existem no papel) usadas pela Odebrecht. O dinheiro foi enviado para a conta secreta do marqueteiro Shell Bill Finance, na Suíça.

Para fazer o dinheiro não declaro chegar às contas dos beneficiados, o setor da Odebrecht comandando por Mascarenhas usava uma rede de quatro níveis de contas, controladas pela próprias empresas, por executivos e por pessoas ligadas a eles. O objetivo era lavar o dinheiro, afastando da fonte e dando aparência de legal.

Os delatores explicaram ao TSE e aos investigadores da Lava Jato, em suas delações, que os pagamentos de propina poderiam ser feito em qualquer país do mundo, menos nos Estados Unidos.

"Além de fiscalização rígida, eles se envolvem profundamente quando descobrem que houve alguma circulação de moeda no país deles, independente de a prestação de serviço ter sido fora", explicou Hilberto Silva.

Outra orientação anti sistema de fiscalização norte-americano era o de que os pagamentos fossem feitos preferencialmente em euros. "É uma boa moeda também é não passa pelo FED americano", explicou o chefão do setor de propinas.

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O delator explicou ao TSE que o "departamento de propinas" tinha como função a execução dos pagamentos de valores não declarado de toda holding.

"O papel da área de operações estruturadas era de pagar. Para quem e porque não era da nossa alçada. Chegava aqui uma solicitação com um codinome, um valor, a praça que deveria ser paga, se fosse no exterior, com a conta do banco, se fosse no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasil etc."

 Foto: Estadão

Radar. Com uma movimentação de US$ 3,3 bilhões de propinas e caixa 2, entre 2006 e 2014, o Setor de Operações Estruturadas caiu no radar dos investigadores norte-americanos, depois das investigações da Lava Jato e das autoridades da Suíça.

Em sua delação à Lava Jato, Marcelo Odebrecht disse ter tomado conhecimento após ser preso, em 19 de junho de 2015, que algumas das regras impostas ao Setor de Operações Estruturadas tinham sido desrespeitadas pela equipe de Hilberto Silva.

A Odebrecht, maior delatora da Lava Jato no Brasil, com 78 delatores, fechou acordo também os autoridades dos Estados Unidos e da Suíça, e mais recentemente com a República Dominicana.

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O acordo com a Procuradoria dos Estados Unidos foi homologado no último dia 17, pelo juiz Raymendo Dearie, da Corte do Distrito Leste de Nova York. A Odebrecht acertou devolver US$ 93 milhões aos cofres locais, US$ 116 milhões para a Suíça e US$ 2,3 bilhões ao Brasil.

Foram reconhecidos US$ 788 milhões em subornos nos Estados Unidos.

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