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'Não fui comunicado', diz chefe da PF no Amazonas que imputou crimes a Ricardo Salles e caiu

'Só tem duas formas de me comunicar oficialmente - ou meu chefe me liga, pelo principio da hierarquia, que é o diretor-geral, ou publicação no Diário Oficial', afirmou Alexandre Saraiva ao Estadão

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Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

O delegado Alexandre Saraiva. Foto: Wérica Lima/ Inpa

O delegado Alexandre Saraiva, atual chefe da Polícia Federal no Amazonas, afirmou nesta quinta, 15, ao Estadão que 'não foi comunicado' sobre a troca no comando da superintendência: "Só tem duas formas de me comunicar oficialmente - ou meu chefe me liga, pelo principio da hierarquia, que é o diretor-geral, ou publicação no Diário Oficial".

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O novo diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino, decidiu trocar o superintendente no AM nesta quarta, 14, mesmo dia em que Saraiva enviou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. A corporação diz que o delegado foi comunicado da substituição no decorrer da tarde.

Saraiva afirmou ao Estadão que recebeu a ligação de um 'amigo' perguntando se ele aceitaria uma adidância. "Isso nem de longe é informar que vou sair. Não disse nem quando nem onde", disse.

Confira a íntegra das respostas do delegado:

Estadão: Falando da troca, o senhor foi comunicado antes de apresentar a notícia-crime?

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Alexandre Saraiva: Não fui comunicado antes. Recebi a ligação de um amigo perguntando se eu aceitaria uma adidância. Isso nem de longe é informar que vou sair, não disse nem quando nem onde. O documento que apresentei tem 38 páginas e ele é muito complexo, não daria tempo pra fazer isso tão rápido. De qualquer forma, pra quem teve a leviandade de falar isso eu coloco à disposição pra perícia o arquivo do word pra que verifique que dia nós começamos a escrever.

Estadão: Era um plano do senhor deixar a superintendência?

Alexandre Saraiva: Não é um plano, era uma obrigação. Era um tema complexo que eu tinha que informar a Suprema corte e isso não dá pra escrever da noite pro dia.

Estadão: Quis dizer com relação à saída do senhor da superintendência.

Alexandre Saraiva: Não é questão de sair da superintendência. A questão não é essa. Eu nunca recusei missão na PF. Estava lotado no Rio, aceitei ir pra Roraima em 2011, depois em 2014 fui pro Maranhão e depois vim pro Amazonas. Antes, eu trabalhei na delegacia em Nova Iguaçu, na de Volta Redonda, e na de Meio Ambiente no Rio de janeiro. Ou seja, quero frisar isso, toda minha carreira de 18 anos na polícia foi exclusivamente trabalhando na Polícia Federal. Nunca fui cedido a órgão nenhum. Sempre trabalhei pela Polícia Federal dentro da casa.

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Estadão: O senhor planeja aceitar a adidância?

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Alexandre Saraiva: Não falo em hipótese. Não me ofereceram nada. Então não falo em hipótese. Não sei nem se eu vou sair porque só tem duas formas de me comunicar oficialmente: ou meu chefe me liga, pelo principio da hierarquia, que é o diretor-geral ou publicação no diário oficial.

Estadão: A notícia-crime contra o ministro Ricardo Salles, como foi a preparação dela?

Alexandre Saraiva: Não é a questão da preparação dela. Nós recebemos documentos, apresentados pelas pessoas que foram indicadas pelo ministro do Meio Ambiente. Analisamos esse documento, trabalhamos o fim de semana inteira nisso, porque criou-se uma expectativa em razão das falas do ministro de que a perícia estaria feita em uma semana. Então nós nos esforçamos pra dar uma resposta pra sociedade sobre o nosso trabalho. E nessa análise no fim de semana verificamos fatos gravíssimos e surgiu daí a necessidade de que, se fosse uma pessoa sem foro, teria que instaurar o inquérito como é uma pessoa com foro eu tenho que informar o STF e isso foi feito.

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