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Os quatro operadores de propina do PMDB na Lava Jato

Jorge e Bruno Luz, João Augusto Henriques e Fernando Baiano são acusados de serem operadores da corrrupção na Diretoria de Internacional, cota do partido do presidente Temer no escândalo Petrobrás

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Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:

Os operadores do PMDB: Fernando Baiano, João Henriques e Jorge Luz Foto: Estadão

O PMDB, partido do presidente Michel Temer (PMDB), tem quatro operadores de propinas identificados pela Lava Jato no esquema de corrupção na Petrobrás: Jorge e Bruno Luz, João Augusto Henriques e Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. Os dois primeiros - pai e filho - foram presos na sexta-feira, 24, nos Estados Unidos, alvo da 38ª. fase da operação.

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Com três anos de investigações, a Lava Jato fecha o cerca contra políticos do PMDB. O partido controlava a Diretoria de Internacional da Petrobrás, no esquema de fatiamento da áreas estratégicas da estatal por partidos da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva. À partir de 2007, a legenda também teve participação na área de Abastecimento, junto com o PP.

Considerados por investigadores da força-tarefa, em Curitiba, engrenagem da complexa e sofisticada máquina de corrupção engendrada na Petrobrás, por políticos agentes públicos e empresários, os operadores de propina foram nos três anos de Lava Jato os principais pontos de expansão da investigação - que se encontra em seu momento de maior contraofensiva política.

 Foto: Estadão

É da Diretoria Internacional o estrondoso episódio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Sob o negócio, paira a acusação de prejuízo de cerca de R$ 800 milhões, como a do Tribunal de Contas da União (TCU). A Lava Jato tem um inquérito aberto, em que já foram identificados pagamentos de propinas e irregularidades no negócio.

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Além da aquisição de refinarias no exterior, a diretoria cota do PMDB cuidava das compras de plataformas de exploração de petróleo fora do Brasil, da aquisição de campos de exploração de petróleo e gás.

 Foto: Estadão

Operadores. Fernando Baiano foi o primeiro operador do PMDB preso pela Lava Jato. Ele foi detido em novembro de 2014, acusado de atuar em nome do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.

O lobista fechou em 2015 acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e conseguiu o direito de cumprir prisão domiciliar - a partir de novembro de 2015 - por suas revelações. Ele citou propinas para o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), nos negócios de Pasadena, entre outros.

Ex-Internacional entre 2003 e 2008, Cerveró teve que fazer delação premiada, após o operador do PMDB confessar seu envolvimento no esquema e a arrecadação de valores para os políticos do partido - que lhe davam sustentação no cargo.

Nestor Cerveró, delator da Lava Jato. Foto: André Dusek/Estadão

João Henriques é um ex-executivo da Petrobrás, que depois de deixar o cargo passou a atuar como lobista. Além de abrir portas na estatal para empresários, operacionalizava a corrupção de agentes públicos e políticos, para garantir benefícios nas disputas de mercado por contratos.

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Henriques foi preso em setembro de 2015, mesmo mês em que Fernando Baiano fechou sua delação premiada com a força-tarefa. Segundo a Lava Jato, ele tinha relação direta com o ex-diretor de Internacional Jorge Zelada, preso desde julho de 2015 e que sucedeu Cerveró no cargo.

Foi das investigações que tinham como alvo os dois operadores ligados ao PMDB que a Lava Jato chegou à Blackout. A 38ª fase levou para a cadeia o mais antigo operadores de propinas da Petrobrás, que foi citado em delações premiadas como elo da corrupção com medalhões do partido. O lobista está preso desde sábado, 25, no Brasil.

Com ameaças veladas de Eduardo Cunha de virar delator e agora a prisão de mais um operador de propinas do PMDB, as chances de um deles buscar a força-tarefa para fazer revelações aumenta, na avaliação de investigadores.

COM A PALAVRA, A ASSESSORIA DO PMDB:

"O presidente do PMDB, senador Romero Jucá,afirma que os envolvidos nesta operação não tem relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB."

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