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Os olhos do futuro

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Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Estamos, desde o início da pandemia, inundados por estudos com previsões de como será o amanhã: o fim dos escritórios físicos. O fim das viagens de trabalho (e dos congressos e dos hotéis de trabalho). O fim dos shopping centers. O fim do desejo material.

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É um erro tentar prever o futuro com os olhos no presente ou -- pior -- no passado. Aliás, eu acho que tentar prever o futuro já é um erro por si só.

A certeza é obra interminável e, mesmo assim, teimamos em tentar controlar. Parece que, quanto mais inseguros estamos, mais tentamos insistir nisso. Mas nos esquecemos das guinadas.

O futuro não será como previrmos: o futuro será como fizermos. Prever tem olhos de passado. Fazer tem os olhos do futuro: o fim dos escritórios físicos? E se alguém construir o escritório mais legal do mundo? O fim das viagens de trabalho? E se as viagens migrarem de Day Trips para imersões mais longas em ecossistemas? O fim dos shopping centers? E se as pessoas quiserem voltar a tocar enquanto compram ou mesmo a chegarem no restaurante com sacolas de compras na mão? A guinada do material para o espiritual? Tempos de privações, até hoje, apenas aumentaram o desejo pelo material.

O ser humano precisa produzir, interagir, tocar, suar. E isso não é futurismo algum. Tomamos um calor tão grande que ainda estamos em estado de derretimento, mas na porção de enormes problemas que teremos que resolver no caminho da retomada é que estará o molde e a forma desse novo futuro.

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Não esperem por um futuro linear. Esperem pelas guinadas. Enquanto pensamos em como será voar, uma startup chamada Boom já está trazendo de volta o supersônico com 55 lugares, TVs de 30 polegadas, voos com vista da circunferência da Terra e passagens a preços justos sem agredir o meio-ambiente. Essa já é uma guinada. E assim como essa, haverá guinadas na educação, na psicologia, na saúde, na indústria, na diplomacia, na economia -- que redesenharão todo o molde que pensamos já estar definido.

Uma das belezas da vida é que a gente só sabe de verdade quando as coisas de fato acontecem. Então, em vez de se afogar em estudos, fica o convite: quem sabe a gente cria?

*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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