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Os números trágicos da guerra da Ucrânia

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Por Ney Lopes
Atualização:
Kiev. FOTO: DANIEL LEAL/AFP Foto: Estadão

Um mês de intensos combates na Ucrânia.

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A professora Margarida Mota, licenciada em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada do Porto, fez levantamento em números das dezenas de ataques russos a hospitais e clínicas, centenas de mortos, milhares de provas de crimes de guerra, milhões de pessoas em fuga.

Um dos casos mais chocantes foi o ataque a uma maternidade, em Mariupol, de que resultaram três mortos e 17 feridos.

A triste estatística é a seguinte: dez milhões de uma população total de cerca de 45 milhões de pessoas, já foram obrigados a abandonar as suas casas em fuga da guerra.

Este grande êxodo humano -- o pior na Europa desde a II Guerra Mundial -- transformou muitos ucranianos em deslocados internos e muitos outros em refugiados, acolhidos em outros países.

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Há grande dificuldade em apurar, de forma independente, os custos humanos da guerra, nomeadamente no leste do território ucraniano, onde se travam os combates mais intensos.

O total de vítimas deste conflito apuradas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos atinge 902 mortos e 1459 feridos.

A agência da ONU salienta, porém, que as cifras reais deverão ser "consideravelmente superiores".

Já foram recolhidas 4935 provas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade praticados pela Rússia.

Existe um site no qual qualquer cidadão ucraniano pode registrar evidências de atrocidades cometidas.

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Cem por cento é a percentagem de dependência de países como a Somália e o Benin em relação ao trigo cultivado na Rússia e na Ucrânia.

Segundo a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), há 16 países africanos que dependem em mais de 50% do trigo produzido nesses dois países.

Recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para "um furacão de fome e um colapso do sistema alimentar global" em consequência da guerra na Ucrânia.

Onze Parlamentos já assistiram, ainda que de forma virtual, discursos do Presidente da Ucrânia, já com a guerra em curso.

Foram eles, além do Parlamento Europeu, os congressos nacionais do Reino Unido, Polónia, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Israel, Itália, Japão e França.

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Dirigindo-se aos deputados japoneses, Volodymyr Zelensky recordou os horrores do uso do nuclear, que os japoneses sofreram na pele em Hiroshima e Nagasaki e os ucranianos em Chernobyl.

Lançou um alerta do que pode também acontecer durante este conflito.

Vinte e seis anos, anos separam os nascimentos de Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.

Mais do que curiosidade, esta diferença de idades determina uma experiência abismal entre o antigo espião russo e o ex-comediante ucraniano, no palco da política.

No ano em que Zelensky nasceu (1978), já Putin escalava posições na secreta soviética (KGB).

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Em 1980, foi colocado em Dresden, na Alemanha Oriental, onde assistiu à queda do Muro de Berlim (1989) na primeira fila.

Diante de estatística crescente, só resta aguardar bons resultados das negociações entre russos e ucranianos e chegue o esperado "cessar fogo".

*Ney Lopes, jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN, presidiu a CCJ na CF, procurador federal e advogado

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