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Os negacionistas de Atlanta

Por Fernando Goldsztein
Atualização:
Fernando Goldsztein. Foto: CRISTIANO SANTANNA/INDICEFOTO

Fazer viagens internacionais nos dias de hoje é um desafio. Autorizações especiais, testes RT-PCR daqui e de lá, dormir com máscara no avião, driblar as aglomerações nos aeroportos, quarentenas, bastante complexo. Outro dia fiz uma conexão no "Hartsfield-Jackson International Airport" em Atlanta, o aeroporto com maior fluxo do planeta. São mais de 110 milhões de pessoas, o equivalente a metade da população do Brasil, passando pelos seus terminais todos os anos.

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Sempre tive fascínio por estes grandes aeroportos. O vai e vem apressado; as centenas de destinos; a diversidade de países ostentando suas bandeiras na fuselagem das enormes aeronaves; as filas de embarque com tipos muito pitorescos, enfim tudo muito curioso e interessante. Pois, na semana passada, mesmo num momento critico da pandemia também nos Estados Unidos, o aeroporto de Atlanta estava bem movimentado. Todos usavam máscaras, não só para protegerem-se, mas também porque seu uso é obrigatório por lei dentro dos aeroportos. E, se tem um lugar onde as leis são respeitadas, este lugar é a terra do "Tio Sam".

Qual não foi então a minha surpresa ao ver, no meio da multidão, uma família inteira, pai, mãe, filho e filha, caminhando tranquilamente sem máscaras. Eram as únicas quatro pessoas sem o acessório no meio da multidão. O homem andava na frente, abrindo caminho e sem se intimidar, seguido pela esposa e pelas crianças de, aproximadamente, doze e oito anos. O menino, já pré-adolescente, estava visivelmente constrangido com a atitude dos pais.

O negacionista é aquele que rejeita evidências maciças e gera controvérsia a partir de tentativas de negar que um consenso exista. Pois aquela família era um exemplo clássico e triste desta postura radical tão comum nos dias de hoje. Pude observá-los até o momento em que entraram, também sem máscaras, em um dos vagões do trem que conecta os diversos terminais do aeroporto.

O momento é critico e atitudes desprezíveis como não usar máscaras ou fazer aglomerações só fazem agravar a pandemia. Não é hora de achar culpados ou expressar convicções politicas e ideológicas através do negacionismo. O que realmente importa agora é redobrarmos os cuidados e acelerarmos fortemente e de forma definitiva a aquisição de vacinas. Precisamos de mais empatia e amor ao próximo e menos de exemplos como o dos negacionistas de Atlanta.

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*Fernando Goldsztein, empresário

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