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Os microempreendedores individuais (MEI) sobreviverão ao coronavírus?

Por Alberto Hamoui
Atualização:
Alberto Hamoui. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O coronavírus está causando uma crise que vai além do espectro de saúde e afetando diretamente o cotidiano de todo mundo. A engrenagem que mobiliza o progresso do mundo vem diminuindo de velocidade e não parece que isso deve melhorar em breve.

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O Brasil fala muito sobre o impacto na economia em geral - na bolsa brasileira e nas ações das principais empresas -, porém pouco se fala sobre o impacto na vida dos microempreendedores. São mais de nove milhões de MEIs e aproximados 40 milhões de profissionais informais.

Aqueles que não têm renda mensal fixa, que fazem seu trabalho individualmente e, ao darem uma pausa, não terão entrada de dinheiro para cobrir os custos do mês seguinte. O isolamento social, por mais que necessário e fundamental para diminuir a taxa de contaminação, pode afetar diretamente a renda dessa população, que soma quase 40% da força de trabalho brasileira.

O que acontece com esses profissionais liberais? Qual impacto que os microempreendedores e trabalhadores autônomos terão em seus bolsos? O governo está ativamente os ajudando com a injeção de quase R$150 bilhões na economia, porém, em um momento de crise como este, é imprescindível que o próprio empreendedor olhe para as suas finanças de uma maneira mais consciente..

Um dos principais motivos pelos quais empreendedores fecham seus negócios é a falta de controle financeiro. Por aparentar ser muito complexo e complicado, o empreendedor acaba deixando de lado e, cedo ou tarde, o futuro do negócio é afetado. Agora, em um momento de crise como esse, é ainda mais primordial que a educação financeira faça parte da rotina de pessoas e seus negócios.

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Existe sempre uma dúvida de por onde começar, pois bem, aqui vão algumas dicas. Em primeiro lugar, o profissional deve analisar a sua operação e concluir se a mesma será afetada pela crise, se suas vendas irão encolher ou se seus fornecedores irão diminuir as entregas.

Caso seu negócio seja afetado pela crise, está na hora de reviver o espírito empreendedor interno, olhar para o próprio produto ou serviço e procurar alguma forma distinta de vendê-lo. Será preciso superar as limitações impostas pela crise. Estude o mercado e encontre as necessidades não atendidas. O cliente também teve seu cotidiano interrompido por conta da crise, busque uma oportunidade.

As entradas de dinheiro vão parar, porém nada impede que o empreendedor busque novas formas de vender. A nossa saúde financeira é como um copo plástico, no qual o fluxo de água entrando é nossa receita e nossos gastos são furos embaixo. Se a fluxo diminui, o primeiro passo é buscar uma nova fonte.

Tente mudar  para o universo online, fazer vídeos conferências, utilizar marketplaces, aplicativos de entregas ou mídias sociais? É válido também buscar novas adaptações ao próprio produto ou até desenvolver um serviço novo dentro das mesmas expertises.

Contudo, olhar apenas as entradas não funciona. É importantíssimo que o profissional atenda às saídas de caixa, os furos debaixo do copo. Os nossos gastos são mais controláveis do que nossa receita, então o empreendedor precisa revisá-las e reconstruí-las.

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Faça uma lista de todos os gastos provisionados para o mês e separe-os por (1) indispensável, (2) dispensável e (3) alterável. Gastos indispensáveis são mantidos, enquanto que gastos dispensáveis devem ser cortados. No caso dos alteráveis, o empreendedor deve diminuí-los ao máximo possível antes de afetar seu desempenho. Tampe os furos desnecessários!

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Esse planejamento oferece uma visão do negócio mais conservadora e cria uma realidade nova para o empreendedor. Terá um negócio com as saídas mais limitadas e, se encontrou, novas entradas. E, para se proteger ainda mais, é crucial que o empreendedor separe uma quantia do caixa disponível para emergência. Tire do copo principal e ponha em um separado que não será manipulado até que a situação peça.

A crise está em nossas portas e não há por onde fugir. O empreendedor pode escolher ficar parado e deixar com que a situação o leve para onde quer que ela esteja indo, ou tomar iniciativas e buscar oportunidades dentro desse enorme problema. Ademais, é esse o momento que todos precisam ficar unidos e se ajudar.

Muitos MEIs ingressam neste mercado por causa da onda de desemprego recente. Talvez esta seja a primeira grande crise e emblemática. Se há um lado positivo: é que é uma forma de aprender a olhar para o financeiro de maneira consciente e, passando essa fase, ele pode agregar esse hábito para a prática de negócio dele.

*Alberto Hamoui, fundador e CEO do Hybank

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