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Os caminhos para a inovação

Por Luiz Eduardo Pacheco
Atualização:
Luiz Eduardo Pacheco. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Mais do que entender o conceito de "inovação", é preciso compreender o processo e os caminhos que levam até ela. Tendo essa afirmação como base, é necessário ressignificar segmentos estratégicos por campo de protagonismo da inovação, no caso, os setores público e privado.

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No setor público, o primeiro ponto que precisa ser comentado diz respeito, sem dúvida, ao investimento em educação. Ela é claramente o maior gap de nosso rico país em reservas naturais e diversidade humana. Temos uma das piores posições do mundo no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) - segundo relatório divulgado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU (Organização das Nações Unidas) no fim de 2020, passamos da 79ª para a 84ª posição entre 189 países. E, durante a atual pandemia de Covid-19, somos o país do G20 com o menor número de dias com aulas presenciais.

Enquanto discutimos as cores das bandeiras para saber se teremos bares e restaurantes abertos, há um silêncio sobre a condução da educação em todos os níveis e dimensões. Tivemos, claramente, um ano perdido, e estamos partindo para o segundo. Como inovar se não construirmos e não exercitamos a intelectualidade do povo brasileiro?

A questão da intelectualidade se liga ao segundo ponto relativo à inovação no segmento público: o investimento em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento). A formação de cientistas passa por estudar no exterior, já que não temos uma única instituição no ranking das 100 melhores universidades do mundo. Como inovar se não temos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias a serviço da economia, saúde e cidadania?

Temos ainda a questão da regulação. O Marco Legal das Startups (Projeto de Lei Complementar 146/19), aprovado pelo Senado Federal em fevereiro e que agora aguarda nova apreciação por parte da Câmara dos Deputados, trata-se de um avanço grandioso nesse sentido. Houve grandes desafios para compor o texto final do projeto, mas, ao mesmo tempo, a repercussão na mídia ficou aquém do esperado. No Brasil, ações concretas que deveriam promover o empreendedorismo via startups e scale-ups estão na marginalidade das iniciativas de financiamento público e leis.

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Na contramão do cenário, não há fomento maior, mesmo que fracionado, dentro de todos os segmentos e subsegmentos da economia do que o ecossistema das startups no país. Como inovar se estamos ainda às margens da ignorância dos órgãos públicos de fomento da economia?

Diante das deficiências de política pública favorável ao empreendedorismo e o enorme gap da educação do país, o segmento privado poderá aumentar seu protagonismo, sobretudo no que diz respeito à educação. Fomentá-la em direção ao empreendedorismo e valorizar a qualificação e a meritocracia das equipes e talentos individuais é um caminho para gerar inquietação, questionamentos, discussões e ações disruptivas - ingredientes essenciais da inovação.

Além disso, precisamos incutir a noção do empreendedorismo como DNA no setor privado nacional. Há condições para construirmos as bases do empreendedorismo brasileiro, entendendo que nosso ecossistema tem um modo de funcionamento específico e que há condições de inovarmos sob todos os aspectos que interagem com a formação de novos negócios. E quando falo de "novo", falo pela essência, e não pela expressão.

E se a fiscalidade brasileira - temos, afinal, um dos sistemas tributários mais complexos do mundo - derruba o empreendedorismo, a captação de recursos precisa encontrar alternativas. Mesmo que as leis não ajudem, não devemos nos sentir desmotivados a investir e crescer.

O posicionamento estratégico sobre inovação no Brasil em comparação com o restante do mundo passa por um esforço coletivo de construção de bases sólidas para o avanço da educação, desde a primária até as mais avançadas (mestrados e doutorados), com forte viés de empreendedorismo e modelos alternativos de financiamento para que o resultado econômico seja o combustível para os maiores talentos brasileiros aqui permanecerem e serem devidamente recompensados por seus esforços.

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O resultado é que esse sucesso gere referência para que as gerações mais novas entrem no ciclo virtuoso da inovação, reconhecendo que se trata de um vetor de ascensão individual, com viés de protagonismo para aceleração dos indicadores sociais e econômicos que efetivamente determinam o grau de maturidade de um país.

*Luiz Eduardo Pacheco é sócio-diretor na FK Consulting.pro. Graduado em Administração, possui pós-graduações nas áreas de Marketing e Gestão Financeira, com MBA em Varejo. Empreendedor, é conselheiro certificado em Inovação pela Gonew

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