Rodrigo Sampaio, Especial para o Estado
17 de junho de 2020 | 16h26
Os partidos Psol, Rede, PSB, com apoio de parlamentares de PT e PDT, entraram nesta terça-feira, 16, com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados exigindo a cassação do mandato de Daniel Silveira (PSL-RJ). O motivo da ofício é o fato do deputado federal ter afirmado, em um vídeo publicado nas redes sociais, que daria tiros em manifestantes antifascistas, além de desafiá-los para uma briga, durante os protestos do dia 31 de maio.
“Eu estava lá em Copacabana e chamei vocês. Vocês não são valentões, são bons de porrada? Por que vocês não foram lá? Que vocês me peguem na rua, num dia muito ruim, e eu descarregue a minha arma em um filho da puta comunista que tentar me agredir”, disse Daniel no vídeo citado na representação. Recentemente, o deputado apresentou um projeto de lei para classificar antifascistas como terroristas.
Recado para os antifas #Somos57MILHOES… Na verdade muito mais, mas muito mais do que isso. pic.twitter.com/ddirmYrApj
— Daniel Silveira (@danielPMERJ) May 31, 2020
Além do episódio em questão, os partidos e parlamentares lembram no ofício outros atos polêmicos do deputado, que assumiu o mandato após as eleições de 2018. Na campanha eleitoral daquele ano, a imagem do então candidato viralizou nas redes sociais após ser fotografado quebrando uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
“Todos esses atos deixam claro que há em curso um recrudescimento autoritário, com graves consequências para a democracia brasileira, e que coloca em risco a Constituição Federal de 1988. É fundamental que os poderes constituídos tomem as providências cabíveis para punir os responsáveis pelos atentados contra o Estado Democrático de Direito”, diz a representação.
O deputado federal Daniel Silveira ao lado do presidente jair Bolsonaro. Foto: Reprodução
Um dos principais aliados de Jair Bolsonaro no Congresso, Daniel Silveira foi um dos alvos da Operação Lume, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, 16, que realizou buscas em cinco Estados e no Distrito Federal no âmbito do inquérito sobre o financiamento de atos antidemocráticos. Também investigado no inquérito das fake news, o parlamentar foi um dos 10 deputados federais a terem a quebra de sigilo bancário determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
COM A PALAVRA, DANIEL SILVEIRA
A reportagem busca contato com o deputado federal. O espaço está aberto para manifestação.
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