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Operador do PMDB entrega a Moro planilha de US$ 418 mil em propinas a Renan, Jader, Aníbal e Rondeau

O lobista Jorge Luz confessou pagamentos de R$ 11,5 milhões aos senadores, ao ex-ministro do governo Lula e ao deputado; em petição ao juiz da Lava Jato, ele identificou parte dos comprovantes de repasses em contas fora do país

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Por Luiz Vassallo
Atualização:
Jorge Luz. Foto: Reprodução

O lobista Jorge Luz, apontado como operador de propinas do PMDB, entregou ao juiz federal Sérgio Moro os nomes de supostos beneficiários de parte dos repasses que fez por meio do uso de offshores no exterior. Em uma planilha juntada aos autos da ação em que é réu na Lava Jato por sua defesa, ele identifica US$ 418 mil dos R$ 11,5 milhões em propinas que confessou ter intermediado aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).

 
 
 

Luz é acusado de atuar junto aos lobistas Fernando Soares e Julio Camargo na operacionalização de propinas de R$ 15 milhões a políticos do PMDB oriundas da contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 do estaleiro coreano Samsung ao custo de US$ 586 milhões entre 2006 e 2008.

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A CONTA DE LUZ

Em depoimento a Moro no dia 19 de julho, ele confessou pagamento de R$ 11,5 milhões aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).

Os repasses teriam ocorrido em contrapartida do suposto apoio dos políticos para fortalecer os ex-diretores da área Internacional Nestor Cerveró e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, na estatal. O lobista teria sido informado por Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB, que os dois agentes públicos estariam 'balançando' em seus cargos por volta de 2005, e , para mantê-los em seus cargos, pediu ajuda e influência aos parlamentares.

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O operador do PMDB admitiu ser o controlador da Offshore Pentagram, apontada pelo Ministério Público Federal como uma titular de conta na Suíça utilizada para os repasses aos parlamentares do partido e lavagem de dinheiro.

Segundo Luz, o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) indicou a conta Headliner Limited, em Lugano, na Suíça, para o recebimento das propinas.

Em petição a Moro, a defesa do operador apontou um comprovante de pagamento da conta da Pentagram, no banco Credit Suisse, de US$ 185 mil à Headliner, em benefício de 'Renan/Jader/Sillas/Anibal'.

Outros cinco pagamentos, cuja conta presente extrato ainda não foi identificada porque a defesa teve dificuldades para acessar as contas vinculadas à offshore Pentagram, indicam o pagamento de outros US$ 233 mil em face dos políticos.

"Ainda, os peticionários se comprometem a acrescentar novos dados ao fluxograma com eventuais novos pagamentos e recebimentos, na medida em que tiverem acesso a demais extratos de contas no exterior de titularidade de Jorge Luz", afirmam os advogados do operador.

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Todos os comprovantes dos pagamentos já estavam em posse do Ministério Público Federal. Nesta petição, o operador do PMDB discriminou os supostos beneficiários das offshores que receberam os repasses. Ainda constam pagamentos da Pentagram à empresa Juxton, atribuída por Luz a Sandro Tordin, do Banco Schahin.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Os pagamentos à conta atribuída aos políticos aconteceram entre 2006 e 2008, em que, segundo o Ministério Público Federal, 'o representante do estaleiro Samsung, Júlio Camargo, ofereceu e prometeu aos colaboradores Fernando Baiano e Nestor Cerveró' e a 'Jorge e Bruno Luz, Demarco Jorge Epifânio e Lúis Carlos Moreira, ex-funcionários da Petrobrás subordinados a Nestor Cerveró, em razão da função exercida pelos agentes públicos, vantagem indevida no montante aproximado de US$ 15 milhões para determiná-los a praticar ato de ofício consistente na viabilização da contratação de um navio sonda ("Navio-sonda PETROBRAS 10000") com o estaleiro Samsung Heavy Industries Co., na Coreia, no valor de US$ 586.000.000,00, para perfuração de águas profundas a ser utilizado na África'.

COM A PALAVRA, RENAN

"Não vejo o Jorge Luz há 20 anos. Não tenho lobista, nunca tive contas no exterior e não recebi dinheiro ilegal. Portanto, a chance dessas planilhas que me citam serem verdadeiras é Zero!"

COM A PALAVRA, JADER BARBALHO

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"O senador Jader Barbalho diz que nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz provar ao juiz os depósitos, o número da conta e as datas. Também diz que conhece Jorge Luz, mas jamais teve algum tipo de negócio. Diz ainda que isso é declaração de criminoso que deve ser investigada pela Justiça".

COM A PALAVRA, ANÍBAL GOMES

A reportagem entrou em contato com o gabinete de Aníbal Gomes, que não se pronunciou. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, SILAS RONDEAU

A reportagem não localizou o ex-ministro. O espaço está aberto para manifestação.

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Correções

Inicialmente, a reportagem incluiu equivocadamente no título o nome do senador Romero Jucá. O nome do parlamentar não consta do documento entregue pelo lobista Jorge Luz.

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