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Carregador de malas de dinheiro na Petrobrás decide fazer delação

Shinko Nakandakari, acusado de ser operador de propinas na diretoria de Serviços da estatal, promete revelar como funcionava o esquema de pagamentos ilegais do cartel

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Por Redação
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Atualizada às 18h18

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Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Fausto Macedo

O engenheiro Shinko Nakandakari, apontado como carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, começou a ser ouvido pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele é o primeiro dos 11 operadores de propina, alvos da nona fase das investigações que apuram corrupção em contratos da estatal - batizada de My Way -, que decidiu colaborar com a Justiça.

Segundo o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco - que era braço direito de Duque na Petrobrás -, Nakandakari era um dos "operadores" de propina que atuava na Diretoria de Serviços - reduto do PT na estatal.

"Shinko entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Sofitel e Ceasar Park, onde 'tomavam um drink ou jantavam'", descreveu Barusco.

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Pedro Barusco. Foto: Divulgação

O termo de delação de Nakandakari está em fase de negociações. Os investigadores da Lava Jato estão "discutindo com Shinko o acordo de colaboração premiada, estando em curso a tomada de depoimento". É o que informou o Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, nos autos da Lava Jato. Nakandakari é importante testemunha para elucidar as relações de Duque com o esquema de propina na Petrobrás.

Além de ter sido apontado como operador de propina em nome da empreiteira Galvão Engenharia - uma das 16 empreiteiras do cartel -, Nakandakari trabalhou por 16 anos na construtora Norberto Odebrecht. Segundo informou a empresa, Shinko foi gerente e não empresa, entre o período de 1976 a 1992,

"Shinko operacionalizava o pagamento de propinas por conta de contratos firmados entre a Galvão Engenharia, representada por Erton Fonseca, e a EIT Engenharia", afirmou Barusco. O ex-gerente de Engenharia era próximo de Nakandakari.

Segundo Barusco, Nakandakari é "um ex-diretor aposentado da Odebrecht". Eles eram amigos, "jantavam juntos e já viajaram". O nome do primeiro dos operadores da Diretoria de Serviços a tentar uma delação já havia sido apontado pelo executivo da Galvão Engenharia.

Erton Medeiros de Fonseca, da Galvão Engenharia, alegou ter sido ameaçado por Nakandakari a pagar R$ 8,3 milhões em propinas a um "emissário" da Diretoria de Serviços da Petrobrás - no caso, o próprio Shinko Nakandakari. Contrapondo aquilo que Barusco diz em sua delação.

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"O sr. Shinko não era e nunca foi emissário (da Diretoria de Serviços)", declarou o advogado Rogério Taffarello. "Ele é um engenheiro conhecido e muito respeitado no mercado, formado pela Escola Politécnica. Fez carreira internacional e tem o diploma reconhecido pela Universidade de Coimbra (Portugal). Possui uma trajetória de décadas de grandes obras de infraestrutura. Chegou a ocupar o cargo de diretor de uma das maiores empreiteiras do País."

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Nakandakari confirma ter sido consultor da empreiteira Galvão Engenharia, segundo informou seu advogado, Rogério Fernando Taffarello.

"Ele (Nakandakari) foi procurado pela Galvão Engenharia com a finalidade de fazer consultoria para buscar o reequilíbrio financeiro de contratos (com a estatal). Jamais atuou como pessoa interposta da Petrobrás ou qualquer outra empresa ou órgão público, em qualquer situação", declarou o defensor.

"As pessoas já o conheciam do mercado há décadas. Uma empresa que o procurou foi a Galvão Engenharia. De fato, ele prestou consultoria para a Galvão. É diferente de ser emissário (da Diretoria de Serviços da Petrobrás)", pondera o advogado.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT.

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"A Odebrecht repudia ilações, feitas por alguns veículos de comunicação, que tentam estabelecer relações entre a empresa e o engenheiro Shinko Nakadakari, investigado pela Polícia Federal do Paraná por supostamente intermediar pagamentos indevidos para outras empresas do ramo de construção. A Odebrecht informa que o engenheiro deixou a empresa há 23 anos, em 1992, tendo ocupado o cargo de gerente --e não de diretor, como alguns veículos de imprensa erroneamente divulgaram. Segundo autos da Justiça Federal do Paraná tornados públicos, em nenhum momento o engenheiro é citado por qualquer depoente ou testemunha como alguém que tivesse atuado em algum momento em nome da Odebrecht no contexto dos fatos investigados."

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