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Operador do PMDB é alvo da Arquivo X por R$ 7 milhões em propinas

Força-tarefa avança em negócios do pré-sal no governo Dilma Roussef, em 34ª fase deflagrada nesta quinta, e aponta propinas para partido do governo via lobista João Henriques, além de repasses ao PT cobrado por ex-ministro Guido Mantega

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Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Mateus Coutinho , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

João Henriques. Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press

A 34ª fase da Operação Lava Jato, que levou para a cadeia o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (governo Dilma Rousseff), tem como alvos dos supostos pagamentos de propina não só o PT, mas também o PMDB. O lobista João Augusto Henriques, ligado ao partido e ex-Petrobrás, recebeu valores do suposto esquema de corrupção no contrato de US$ 922 milhões para construção de módulos das plataformas de exploração de petróleo P-67 e P-60.

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A Operação Arquivo X, nome dado à 34ª fase, identificou três fontes de corrupção que movimentaram pelo menos R$ 13,4 milhões e mais US$ 2,35 milhões - pagos pelo Consórcio Integra Offshore, formado pela Mendes Junior e pela OSX Construção Naval. Os valores foram pelo contratos assinado em 2012, com a Petrobrás.

Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, a primeira vertente envolve o operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques, já condenado pelo juiz federal Sérgio Moro.

Henriques teria recebido R$ 7,4 milhões e supostamente repassados ao partido. Um dos elos investigados do operador é com o presidente da Câmara dos Deputados cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os valores foram repassados entre fevereiro e dezembro de 2013, segundo o pedido de prisões e buscas da Arquivo X.

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Os valores foram pagos pela Mendes Júnior - cujo os executivos negociam acordo de delação premiada com a Lava Jato - para a empresa Trend Empreendimentos e Participações, de Henriques. "Os repasses foram viabilizados mediante a interposição de empresa de fachada, que não possuía uma estrutura minimamente compatível com tais recebimentos."

O ex-executivo da Petrobrás Eduardo Musa havia confessa, em delação premiada, o repasse de propinas para o operador do PMDB. A Lava Jato anexou a delação do ex-gerente da estatal que virou também executivo da Sete Brasil - empresa criada pela Petrobrás com bancos e investimento de fundos de pensão federal para contratar a construção de plataformas para o pré-sal, a partir de 2011.

PT. A segunda e terceira vertente dos pagamentos suspeitos nos contratos das plataformas P-67 e P-70 teriam beneficiado o PT: via repasses ao ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula), ao ex-deputado André Vargas (ex-PT) e para o marqueteiro do partido João Santana - das campanhas de Dilma, em 2014 e 2010, e Luiz Inácio Lula da Silva, 2006.

O procurador da Lava Jato afirmou que as investigações trabalham com a hipótese de que os valores repassados a Santana foram por dívidas da campanha presidencial de 2010.

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Na segunda vertente apura, Dirceu e Vargas podem ter recebido R$ 6 milhões do Consórcio Integra - e suas empresas.

A terceira frente se refere ao pedido de R$ 5 milhões que o ex-ministro Guido Mantega teria feito a Eike Batista - o empresário afirma ter repassado um total de US$ 2,35 milhões para uma conta do publicitário João Santana e sua mulher Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff.

 

O procurador disse que o motivo do pedido de prisão de Mantega foi 'o risco à ordem pública' - mesmo fundamento adotado em todas as outras fases anteriores da Lava Jato.

Carlos Lima destacou que Eike Batista 'procurou espontaneamente' a força-tarefa para depor e revelar o suposto pedido de Mantega.

Segundo a investigação, no dia 1.º de novembro de 2012, o então ministro da Fazenda que, na ocasião, acumulava a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás, reuniu-se com Eike e pediu ao empresário repasse de R$ 5 milhões para saldar dívidas de campanha do PT.

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Os investigadores suspeitam que as dívidas eram relativas à campanha que elegeu Dilma pela primeira vez, em 2010. O que leva os investigadores a acreditarem nessa hipótese é que Eike teria atendido o pedido de Mantega e depositou US$ 2,3 milhões em contas do casal João Santana e Mônica Moura, marqueteiros de Lula e Dilma.

"Esta é a terceira vertente da corrupção, que envolve Guido Mantega. Se refere a um pedido feito por ele para o empresário Eike Batista de pagamento de cinco milhões de reais para quitação de dívidas de campanha", afirma o procurador.

O encontro, segundo a investigação, ocorreu pouco antes da liberação do primeiro pagamento das obras em plataformas da Petrobrás para o Consórcio Integra Offshore, do qual a OSX, de Eike, fazia parte. A liberação ocorreu no dia 29 de novembro de 2012. A 'doação' de Eike, em abril de 2013.

"A combinação passou pela operacionalização desses valores no exterior, mediante contrato por objeto falso entre empresa de Eike e empresa do casal Santana. A operação foi especialmente montada por Mônica Moura para receber US$ 2,35 milhões pela conta da Shelbill (na Suíça)", afirma o procurador.

 

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