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Operação Pecúlio em Foz já tem 85 réus

Investigação sobre desvios de recursos públicos para compra de apoio político na cidade paranaense entra em sua quinta fase, denominada 'Nipoti', deflagrada nesta quinta-feira, 15, que levou à prisão doze vereadores

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:

 Foto: PF

A Operação Pecúlio - investigação sobre compra de apoio político por meio de pagamento de propinas para ao menos 12 vereadores de Foz do Iguaçu, todos presos nesta quinta-feira, 15 - - já tem 85 réus. Eles respondem a ação penal na 3.ª Vara Federal de Foz pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato e fraude à licitação.

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Os vereadores capturados nesta quinta são alvo da Operação Nipoti, quinta fase da Pecúlio. Eles também deverão ser denunciados.

A Nipoti foi deflagrada a pedido do Ministério Público Federal em Foz do Iguaçu 'para desarticular um grupo criminoso que praticou diversos ilícitos na administração pública da cidade e na Câmara Municipal, entre eles processos licitatórios para contratação de obras e de serviços na área da saúde, mediante desvios de recursos públicos, com a finalidade de obtenção de vantagens indevidas'.

As investigações da Procuradoria da República indicam que 'ao menos 12 vereadores receberam valores indevidos em troca de apoio político na votação de projetos do Executivo'.

Os vereadores sob suspeita teriam sido beneficiários de um mensalinho. Os valores variavam entre R$ 5 mil a R$ 10 mil mensais. Os parlamentares e outros agentes políticos e empresários também teriam indicado familiares para serem contratados por empresas da cidade ou para ocuparem cargos em comissão na Prefeitura.

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A Procuradoria divulgou os nomes dos 20 presos da nova fase da Operação Pecúlio, inclusive os doze vereadores - Beni Rodrigues (PSB), Zé Carlos (PMN), Anice Gazzaoui (PTN), Darci "DRM" (PTN), Edílio Dall'Agnol (PSC), Fernando Duso (PT), Hermógenes de Oliveira (PSC), Luiz Queiroga (DEM), Marino Garcia (PEN), Coquinho (SD), Paulo Rocha (PMDB) e Rudinei Moura (PEN).

Segundo a Procuradoria, foram presos ainda os ex-secretários de Saúde de Foz do Iguaçu, Patrícia Foster e Gilber da Trindade, o ex-diretor de Finanças, Luiz Carlos Alves, um policial civil - já preso anteriormente em uma operação do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) -, um dentista, o servidor da Câmara Municipal Ricardo Andrade, o empresário e sobrinho do prefeito Reni Pereira, Diego Souza, o ex-secretário de Meio Ambiente, João Matkievicz, e o ex-secretário de Administração e ex-deputado estadual Chico Noroeste.

A Operação Nipoti cumpriu 78 mandados judiciais expedidos pela 3.ª Vara da Justiça Federal de Foz do Iguaçu. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Foz do Iguaçu, Curitiba, Cascavel, Maringá, Pato Branco, Recife (PE) e Brasília, sendo 20 de prisão preventiva, 8 de prisão temporária, 11 de condução coercitiva e 39 de busca e apreensão em residências, locais de trabalhos dos investigados e em empresas envolvidas com a organização criminosa.

Segundo a Procuradoria, 'além das colaborações premiadas realizadas ao longo das investigações que comprovaram a prática de irregularidades pela gestão pública municipal', diversas provas levantadas por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e quebra dos sigilos fiscais e bancários dos envolvidos apontaram indícios de ingerência de gestores do município, de forma direta e indireta, em empresas contratadas para prestação de serviços e realização de obras junto à prefeitura com quantias milionárias de recursos públicos federais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outros como o Sistema Único de Saúde (SUS)'.

De acordo com o MPF, por meio da análise e trabalho investigativo intenso desde o início da Operação Pecúlio 'constatou-se a existência de uma organização criminosa chefiada pelo administrador municipal com braços em diversas secretarias por meio de nomeações de integrantes do grupo criminoso em cargos de comando, com o objetivo de manipular as principais ações de gestão com a finalidade de desviar recursos públicos'.

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Somente em algumas obras de pavimentação de Foz, submetidas a exame pericial pela Polícia Federal, foram constatados prejuízos consumados na ordem de aproximadamente R$ 4,5 milhões, sem levar em consideração o prejuízo potencial 'em razão da péssima qualidade das obras, o que reduzirá consideravelmente o tempo de vida útil destas'.

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