A Operação Camilo prendeu, nesta quarta-feira, 27, 15 pessoas suspeitas de desviar R$ 15 milhões da Saúde no Rio Grande do Sul. A ação, que cumpriu também 61 mandados de busca e apreensão, recolheu R$ 400 mil e bloqueou bens móveis e imóveis dos investigados. Um dos alvos foi o prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros (PSDB).
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A investigação que levou à operação de hoje aponta que a Organização Social contratada, em outubro de 2017, para gerenciar o Hospital Regional do Vale do Rio Pardo, no município cerca de 140 quilômetros da capital, Porto Alegre, subcontratou empresas para desviar os recursos repassados pela União e pelo governo do estado através de contratos superfaturados e da não execução de parte das obrigações contratuais - que incluem limpeza e sanitização hospitalar, radiologia, exames de imagem e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
As provas coletadas pelos investigadores indicam a existência de um esquema criminoso que inclui gestores da Organização Social, empresas privadas e servidores públicos.
De novembro de 2017 a fevereiro deste ano, foram destinados ao hospital cerca de R$ 60 milhões em recursos federais e estaduais. Desse valor, R$ 30 milhões foram repassados pela Organização Social às empresas subcontratadas. Metade do montante, ou seja R$ 15 milhões, teria sido desviado através do superfaturamento dos contratos.
No período de enfrentamento ao coronavírus, o repasse foi de R$ 3,3 milhões, à uma empresa investigada, para a construção de dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital. As obras estão em andamento, contudo, segundo os investigadores, o projeto elaborado pela Organização Social para recebimento da verba pública, que resultou na contratação, é impreciso e não apresenta levantamentos prévios de custos.
Uma força-tarefa formada pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, Ministério Público Federal e Ministério Público do Rio Grande do Sul cumpriu as medidas judiciais expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pela Justiça Estadual de Rio Pardo (RS) no âmbito de uma investigação que apura crimes de fraude à licitação, peculato, corrupção passiva, organização criminosa, ocultação de bens, crime de responsabilidade e desobediência. Os mandados foram cumpridos nos municípios gaúchos de Porto Alegre, Rio Pardo, Butiá, Canoas, Capela de Santana, Gravataí, Cachoeirinha, São Leopoldo, Guaíba, Portão, Cacequi e São Gabriel, nas cidades paulistas de São Paulo e São Bernardo do Campo, na cidade do Rio de Janeiro, e em Florianópolis e São José, no estado de Santa Catarina.
O nome da operação guarda relação com o santo da Igreja Católica "São Camilo de Lellis", intercessor dos enfermos e profissionais de saúde.
COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE RIO PARDOA reportagem busca contato com a Prefeitura de Rio Pardo. O espaço está aberto a manifestações.