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Odebrecht mantinha sistema de informática da propina na Suíça

Camilo Gornati, responsável pela manutenção e operação da intranet do 'Setor de Operações Estruturadas' da empreiteira afirmou nesta quarta, 22, ao juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, que Ministério Público suíço bloqueou servidor

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:
 Foto: Estadão

Um dos responsáveis pelo sistema de informática do "departamento da propina" da Odebrecht, Camilo Gornati, afirmou nesta quarta-feira, 22, ao juiz federal Sérgio Moro, que a empreiteira mantinha seu servidor na Suíça "por questão de segurança". O interrogado foi alvo da 26ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Xepa. O servidor teria sido bloqueado pelas autoridades suíças.

"O que me falaram é que era mais seguro deixar na Suíça", afirmou Gornati, ouvido na ação penal contra o marqueteiro do PT João Santana, o presidente afastado da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e outros executivos do grupo. "Uma vez que perguntei, seria por segurança", afirmou ele ao ser questionado pela procuradora da República Laura Tessler, da força-tarefa da Lava Jato.

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Gornati foi alvo de condução coercitiva na Operação Xepa, apontado como um dos responsáveis pela operação e manutenção do sistema Drousys, que era usado pelos executivos da Odebrecht para controle do "departamento da propina", chamado oficialmente de Departamentos de Operações Estruturadas.

O Ministério Público Federal (MPF) descobriu que a Odebrecht montou um setor específico dentro da empresa para gerenciar e controlar os pagamentos de propina da empresa. Por esse sistema, era controlado os repasses feitos para políticos e agentes públicos, por meio de operadores e contas em nome de offshores.

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Gornati trabalha na empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira Ltda. O nome dele constava na agenda da secretária do "departamento da propina" da Odebrecht Maria Lucia Tavares, que confessou em delação premiada com a Lava Jato a existência do setor no grupo.

A JR Graco pertence a Olivio Rodrigues Júnior, que foi responsável pela abertura de contas da Odebrecht, em Antígua, por onde chegou a circular mais de US$ 2,6 bilhões da empreiteira, segundo o delator Vinicius Borin, que trabalhava nas instituições financeiras. A força-tarefa da Lava Jato apura se parte desses valores ou se totalidade deles são referentes a propinas e caixa-2.

Questionado pelo juiz Sérgio moro, Gornati afirmou que o "servidor utilizado pela Odebrecht "ainda está na Suíça bloqueado pelo Ministério Público daquele país.

A testemunha foi arrolada pela acusação, no processo, e prestou depoimento, em São Paulo, por videoconferência para Moro. O criminalista Ralph Tórtima Stettinger Filho, defensor de Gornati, ressaltou que o cliente foi inicialmente investigado, mas a conclusão foi de que sua atuação foi especificamente técnica.

Em manifestação no processo, Moro confirma que Gornati seria ouvido como testemunha na condição de técnico de informática. "Considerando, em princípio, a posição atual da testemunha, não aparenta que será de fato denunciado por algum crime, mantendo a condição de técnico em informática que disponibilizou um sistema que teria sido empregado, aparentemente, para fins ilícitos por terceiros", escreve o juiz da Lava Jato.

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O presidente afastado da Odebrecht e seus executivos negociam acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) desde o início do mês.

Para a Lava Jato, houve tentativa de destruição do sistema de informática da propina, após a Odebrecht virar alvo da Lava Jato.

 

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