O empresário Marcelo Bahia Odebrecht disse ao ministro Herman Benjamin, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral - que conduz Ação de Investigação Judicial Eleitoral contra a chapa Dilma/Temer - que 4/5 das doações para a campanha foram realizadas via caixa 2. Ao todo, segundo ele, foram repassados R$ 150 milhões.
Odebrecht está preso desde junho de 2015 em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Ele foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Durante quatro horas, nesta quarta-feira de Cinzas, 1, Odebrecht depôs ao ministro Herman Benjamin.
Segundo ele, o dinheiro para a campanha de Dilma saía de uma conta que ele administrava junto às empresas do grupo.
Odebrecht detinha forte influência no governo, principalmente depois que o PT chegou ao Palácio do Planalto, em 2003 - ano em que o ex-presidente Lula assumiu seu primeiro mandato.
Ele declarou que tinha participação nas campanhas presidenciais e calculou que cerca de 70% dos valores eram destinados via caixa 2. Segundo ele, é impossível que algum político tenha sido eleito sem usar esse tipo de expediente.
Sobre repasses para a campanha de Dilma ele insistiu no valor de R$ 150 milhões, dos quais um terço seriam entregues como contrapartida pela aprovação de um projeto apresentado em 2009 referente à MP 470, ou a MP Refis.
Odebrecht citou dois ex-ministros do PT, Antônio Palocci e Guido Mantega. Segundo ele, Mantega fez a solicitação (R$ 50 milhões) como contrapartida já na campanha de 2014.
Ainda segundo o empreiteiro, em 2011 teria ocorrido um encontro entre ele e Mantega quando este lhe teria falado da expectativa sobre doação daquele montante.
O dinheiro, ainda de acordo com Odebrecht, tinha origem em uma conta por ele administrada.
Ele falou dos contatos com Palocci, já em 2008. O ex-ministro o teria procurado para falar de pagamentos para o publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014).
Segundo Odebrecht, quando os ministros de Lula e Dilma encaminhavam pedidos ele se reportava a Hilberto Silva - ex-dirigente do Setor de Propinas da empreiteira que viabilizava os recursos.
Odebrecht relatou também que auxiliou em campanhas no exterior nas quais o partido de Lula e Dilma tinha interesse. Esses repasses, segundo disse, ocorreram fora do País.
Com a palavra a defesa de Dilma Rousseff (PT)
"Não temos nada a temer", afirma defesa de Dilma
Em relação à decisão do TSE de colher os depoimentos dos empresários Marcelo Odebrecht, Cláudio Mello e Alexandrino Ramos, na ação eleitoral que busca a cassação da chapa Dilma/Temer, não vemos problemas na iniciativa. Não temos nada a temer, porque temos o compromisso com a verdade.
A decisão proferida pelo ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, não causa qualquer surpresa. Todos aqueles que fizeram delação premiada, já foram ouvidos no processo.
É do interesse tanto da defesa de Dilma Rousseff, quanto da Justiça Eleitoral, que a verdade seja trazida aos autos, demonstrando a lisura do processo eleitoral.
A posição da defesa da presidenta tem sido a de colaboração com a Justiça Eleitoral. Foi assim, por exemplo, quando demonstramos, por documentos, que o empresário Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, havia mentido em seu depoimento ao TSE.
Flávio Caetano Advogado de Dilma Rousseff