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OAS deveria reivindicar Lei Rouanet para guardar acervo de Lula, diz Okamotto

Presidente do Instituto Lula, denunciado pela Lava Jato, admite que pediu para a empreiteira bancar aluguel de guarda de bens do ex-presidente

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Denunciado pela Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que recorreu à OAS para bancar a manutenção do acervo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque não tinha outra alternativa naquele momento.

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Segundo Okamotto, o acervo composto de milhares de cartas e presentes a Lula é de interesse público e, portanto, a empreiteira deveria pleitear o direito à Lei Rouanet para ser ressarcida dos valores pagos pelo aluguel do espaço onde o material está guardado.

"A OAS para mim deveria inclusive reivindicar Lei Rouanet porque está fazendo um pagamento para manter um bem cultural do povo brasileiro. É que não tínhamos dinheiro. Quando fizemos o contrato não tinha recursos. Como vai pagar um aluguel de R$ 25 mil? Não tinha outro jeito. Com é que ia fazer? Onde iria guardar 14 conteiners?", explicou Okamotto.

O presidente do Instituto Lula disse não se arrepender da decisão de pedir ajuda para a empreiteira e acredita que o fato não é um crime. Nesta tarde, os advogados de Okamotto entraram com um habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região pedindo que a ação contra ele seja trancado.

"Para o MPF, a vantagem indevida teria sido tão somente a preservação do acervo e isso, como se viu, não é vantagem indevida e tampouco se deu em favor de Lula, já que os bens "integram o patrimônio cultural brasileiro e são declarados de interesse público", alegam os defensores no recurso.

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"Eu realmente pedi para a OAS, se isso for um crime então você me diga qual é a pena que sou obrigado a cumprir. Eu sempre disse que pedi apoio a OAS", disse Okamotto.

Ele afirmou que foi incumbido de procurar um local para guardar o acervo, conforme determina a lei, ainda no final do governo Lula, em 2010, e chegou a contratar em seu próprio nome um espaço para acomodar os itens audiovisuais, mais sujeitos à degradação.

Várias ideias foram cogitadas mas não deram certo. Uma delas seria usar o Memorial da Democracia, mas o Ministério Público Estadual barrou a cessão de um terreno da Prefeitura de São Paulo. Só então recorreu à OAS. O pedido original era para que a empreiteira cedesse o galpão de alguma obra terminada.

Questionado sobre o motivo de ter procurado a OAS, uma empresa que tem contratos com o governo, Okamotto respondeu: "Porque foi o primeiro empresário que eu conheci, que eu vi ali na hora". Segundo ele, todas empresas têm, em graus diferentes, interesses com o governo.

Para o presidente do Instituto Lula, a Lava Jato age por "falta de informação ou má fé" ao afirmar que Lula tem interesses econômicos no acervo.

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"Propina do que? Para mim nunca falaram que era propina. Aquilo era a manutenção de um acervo que tinha uma finalidade cultural", disse.

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