A Ordem dos Advogados do Brasil declarou nesta segunda-feira, 23, que desde que o ministério do governo Michel Temer foi anunciado alertou 'para o risco de pessoas sob suspeita, investigadas pela Operação Lava Jato, estarem no primeiro escalão do governo federal'.
A declaração da Ordem foi divulgada em nota oficial subscrita por seu presidente, Claudio Lamachia, em referência ao ministro Romero Jucá, do Planejamento.
O jornal Folha de S. Paulo publicou nesta segunda transcrição de um diálogo de Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Na conversa, o ministro sugere deter a Lava Jato.
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Jucá é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal por suspeita de ter recebido propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.
"A Lava Jato precisa acontecer com independência e celeridade. A sociedade clama por respostas rápidas", diz a OAB.
"As revelações feitas pelo jornal Folha de S.Paulo a respeito de diálogos do ministro Romero Jucá com um interlocutor, supostamente tratando de interferências na Operação Lava Jato e no Judiciário, expõem um problema com o qual o Brasil precisa lidar de forma urgente."
Claudio Lamachia afirmou que 'a OAB torce pelo sucesso do país e espera que o governo interino possa corresponder às expectativas da sociedade'.
"Por isso, espero que o presidente em exercício tome medidas à altura da gravidade da situação."
"O novo governo, alçado ao poder pela via constitucional e não pela via eleitoral, precisa ser um exemplo ético", cobra a OAB. "Quem é investigado pela Operação Lava Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos. Qualquer ação suspeita praticada pelos ministros investigados colocam o governo todo em xeque."
Claudio Lamachia finalizou. "Todos os cidadãos têm direito à ampla defesa e ao devido processo legal. Mas as altas autoridades responsáveis pela condução do país precisam estar acima de qualquer suspeita. Os investigados devem poder se defender sem, para isso, comprometer a credibilidade das instituições."