Os quatro candidatos de oposição na disputa pela presidência da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Alfredo Scaff, Dora Cavalcanti, Mário de Oliveira Filho e Patrícia Vanzolini, participaram ontem de uma última entrevista simultânea, promovida pelo Estadão, antes da votação nesta quinta-feira, 25. O atual presidente da entidade em busca de um novo mandato, Caio Augusto Silva dos Santos, não compareceu e enviou justificativa ao jornal comunicando que tinha compromisso de campanha no interior do Estado.
Os candidatos foram perguntados sobre temas como a recente greve na seccional, prerrogativas da classe, transparência na gestão, Operação Lava Jato, paridade de gênero e cotas raciais nas chapas. Também apresentaram suas propostas caso sejam eleitos para o triênio 2022-2024.
A corrida pela direção da OAB-SP, a maior seccional da Ordem no País, ocorre em meio a uma atmosfera beligerante e tentativas dos candidatos de se desvincularem de associações político-partidárias que possam rachar sua base de votos.
"A OAB está tão contaminada pela política que esqueceu dos advogados", defendeuAlfredo Scaff, que é apoiado pelos deputados federais bolsonaristas Carla Zambelli (PSL-SP) e Coronel Tadeu (PSL-SP). "Nós não somos partido político. Nós somos uma instituição que tem que cuidar da advocacia, proteger e defender os colegas em toda e qualquer instância. E, quando a gente se manifestar nas questões nacionais, temos que nos manifestar com independência e a favor do País", acrescentou. O posicionamento da OAB, na avaliação do advogado, deve ser através de 'políticas de interesse da classe'.
Na mesma linha, o advogado Mário de Oliveira Filho defendeu na entrevista que a OAB não pode se transformar em 'puxadinho político de partido' e nem em 'berço de ideologia de direita ou de esquerda'. "O partido da OAB é a advocacia e a ideologia da Ordem é a defesa intransigente do advogado", disse. O criminalista, no entanto, avalia que a entidade, como voz da sociedade civil, deve se manifestar se houver 'subversão da democracia'.
A candidata Dora Cavalcanti, que concorre em uma uma chapa totalmente feminina com a vice Lazara Carvalho, concorda que a OAB deve se posicionar em defesa da democracia, mas 'sem política partidária'.
O entendimento é compartilhado pela adversária Patricia Vanzolini, para quem a Ordem tem a dupla função de defesa da Constituição e da classe. "A OAB tem que se posicionar, ela tem essa missão institucional, mas tem que se manifestar com sobriedade", afirmou. "A OAB tem que ser mais sóbria, mais comedida, mais representativa, consultar a advocacia a respeito desses grandes temas e só atuar quando for de fato imprescindível para proteção de democracia", seguiu.
Os candidatos também prometeram ampliar a transparência na gestão da seccional. Scaff disse que uma das suas bandeiras é colocar todas as despesas da OAB-SP disponíveis para consulta no Portal da Transparência da entidade. "A transparência não pode ser relativa", afirmou.
Sem reajuste salarial há dois anos, os trabalhadores da seccional paulista entraram em greve nesta quarta, véspera da eleição. Mário de Oliveira Filho disse que montou uma comissão permanente para trabalhar junto ao sindicato dos funcionários da OAB-SP. "A greve é o reflexo de uma política administrativa inconsequente e irresponsável", criticou.
Assista a entrevista completa: