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O trabalho liberta as mulheres do patriarcado?

Em primeiro lugar, quando analisamos as mulheres no mercado de trabalho, é necessário estudar a origem do movimento feminista.

Por Mayra Cardozo
Atualização:

Mayra Cardozo. Foto: Divulgação.

Mulheres de classe média e alta foram responsáveis por moldar o pensamento feminista na origem do movimento; por isso, o plano majoritário da campanha era a ascensão das mulheres ao mercado de trabalho como forma de libertação.

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No entanto, essas mulheres representavam apenas uma pequena parte das mulheres oprimidas. Além disso, estavam tão imersas em suas próprias experiências que ignoraram que a maioria das mulheres já ocupava o mercado de trabalho.

Essas mulheres que já ocupavam o mercado de trabalho não sentiam que o trabalho as libertava, mas colaboravam com mais opressão e exploração, pois viviam péssimas condições de trabalho e pouca remuneração.

No caso da mulher branca de classe média, prisioneira do espaço doméstico, a ideia era aceitar todas as condições de trabalho acomodadas a baixos salários para melhorar a renda familiar e romper com o isolamento pessoal.

Essa ideia perpetuada pelo movimento feminista branco de que o trabalho liberta as mulheres e que a libertação das mulheres vem de sua inserção no mercado de trabalho é uma premissa que alienou muitas mulheres negras, pobres e proletárias do próprio movimento feminista.

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Mulheres e homens negros foram os primeiros a mostrar medo da inserção das mulheres brancas no mercado porque isso significava menos espaço geral para os negros em um mundo que valoriza a supremacia branca.

A grande questão que as feministas negras e feminista interseccional trazem à mesa é como a ascensão das mulheres do mercado veio a ser entendida - reduziu a agenda do movimento feminista aos interesses das mulheres brancas que limitam sua liberdade de entrar e ocupar espaços no mercado.

Mas esta não deve ser a única agenda do movimento feminista; o movimento feminista deve buscar a libertação olhando para a pobreza, o racismo, a violência institucional e um sistema econômico que explora grupos minoritários.

*Mayra Cardozo, advogada especialista em Direitos Humanos pela Universidade Pablo de Olavide (UPO) - Sevilha. Professora de Direitos Humanos da pós-graduação do Uniceub - DF. Palestrista, mentora de feminismo e inclusão e coach de empoderamento feminino. Membro permanente do Conselho Nacional de Direitos Humanos da OAB e do Comitê Nacional de Combate à Tortura do Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos

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