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O setor privado de saúde não espera por milagres: trabalha e coopera

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Por Breno de Figueiredo Monteiro
Atualização:
Breno de Figueiredo Monteiro. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O setor privado de saúde está engajado de corpo e alma no esforço de toda a sociedade para enfrentar a covid-19. Seus hospitais têm atendido um enorme contingente de beneficiários de planos de saúde vítimas da epidemia. Da mesma forma historicamente sempre abriu suas portas e seus leitos para acolher a maior parte dos pacientes do SUS.

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As empresas do setor têm se colocado ao lado do poder público ainda mais intensamente nesse momento de crise. Têm doado recursos e apoiado a implantação e operacionalização de hospitais de campanha no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre outras cidades. Empresas privadas de saúde também têm firmado parcerias para ativação de leitos em hospitais públicos e filantrópicos, como na Santa Casa de São Paulo, no Hospital São Francisco, no Rio, no Hospital Universitário da UFRJ, no Hospital das Clínicas em São Paulo e no Hospital Pedro Ernesto,  no Rio.

Os milhares de leitos disponibilizados e os serviços de apoio prestados traduzem-se em doações que chegam à casa de 1 bilhão de reais. Além disso, o setor tem oferecido, sempre que possível, centenas de leitos próprios para contratação pelo poder público, conforme as necessidades deste. Esse processo tem ocorrido de forma natural onde existem leitos disponíveis em hospitais privados, o que não é uma realidade nacional, já que em algumas cidades como por exemplo Rio de Janeiro, Belém, Manaus e São Luiz, também o setor privado se encontra com os recursos esgotados em razão da extraordinária demanda.

Diante desse cenário de colaboração e compromisso expresso das lideranças do setor privado para ofertar leitos ociosos e leitos novos, é estranho que alguns insistam em propostas como a fila única para utilização de leitos públicos e privados - uma fila que ficaria sob gestão da burocracia do Estado. Estranhos, igualmente, são os discursos ideológicos que ainda insinuam que as lideranças empresariais da saúde só são solidárias sob ameaças do poder público, mesmo depois de tantos exemplos em contrário. A ideia de fila única administrada nos gabinetes estatais é um ideia extravagante, porque tirada da cartola, sem fundamento real a justificá-la. E é também uma ideia perigosa, porque ao mesmo tempo em que confunde a opinião pública com argumentos falaciosos, ameaça instalar o caos em um setor que está atuando de forma organizada e está plenamente engajado no combate à pandemia.

Não nos iludamos com soluções pretensamente mágicas mas que, na verdade,apenas propõem entregar a gestão de leitos de um setor eficiente para uma estrutura de governança burocrática e com claros sinais de ineficiência na sua gestão. Ninguém melhor que o próprio setor privado para saber dos leitos e da estrutura que pode colocar à disposição do poder público. Em lugar disso, melhor fariam os defensores da fila única se unissem suas forças para que o poder público enfrentasse o desafio -- esse, sim, emergencial e efetivamente produtivo -- de reativar milhares de leitos públicos inativos. Só no Rio de Janeiro são quase 2 mil leitos!

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Sigamos, então, o caminho da colaboração e do compromisso para vencer a covid-19. A preservação da integridade do setor privado é também uma garantia para o Estado de que terá nele um aliado estratégico, capaz de colaborar de maneira organizada para suprir as necessidade do setor público e de manter operante a assistência às milhões de pessoas que, não fosse pela cobertura dos planos de saúde, estariam engrossando as filas do SUS e dando dimensões catastróficas à crise. Não há milagres para enfrentar as dificuldades colocadas pela pandemia. Vamos vencê-las com trabalho sério e cooperação verdadeira e respeitosa entre os setores público e privado.

*Breno de Figueiredo Monteiro é presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde)

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