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O sentido e os sentidos da compra

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Por Michel Sentinelo
Atualização:
Michel Sentinelo. Foto: Divulgação

A revolução que o mundo vive no segmento do varejo não ocorre apenas no sentido de nossa experiência como consumidores. Ela também alterou os nossos sentidos na hora da compra.

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Eleita uma das grandes tendências do varejo pós-pandemia, a digitalização das empresas traz consigo um desafio cuja solução ainda engatinha no país: como as gôndolas digitais vão evoluir para se adaptar à migração do consumidor da loja física para a virtual e, consequentemente, todas as novas exigências de experiência de compra?

A gôndola digital era um tema marginalizado nas discussões de marketing porque existia uma noção geral de que, para vender produtos na internet, bastava dispô-los no site, com informações básicas (como marca, preço e condições de compra) e hiperlink para a sequência do pagamento.

Neste novo mundo, isso mudou. Levantamento divulgado pela Kantar em julho apontou que 45% dos brasileiros estão dispostos a aumentar o volume de compras pela internet. Os motivos são bem claros: economia de tempo (60%), preocupação com a doença (60%) e experiência melhor do que a loja física (47%). Ou seja, mais da metade dos consumidores dispostos a comprar mais pela internet ainda acha que experiência física é melhor.

Com a concorrência cada vez maior no meio digital (inclusive dos pequenos negócios, que têm, ainda, a vantagem de serem especialistas e estarem próximos ao seu público-alvo), a disputa pela clientela ultrapassa cada vez mais a barreira do "oferecer" para "como melhor oferecer" o produto na internet.

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É uma nova jornada de consumo, que nos priva de inúmeras sensações: o caminhar pelos corredores dos mercados, o sentir o peso do produto, o cheirar a fruta, o experimentar o pedacinho de queijo ou o jogar conversa fora com um desconhecido.

Como a internet é capaz de substituir experiências físico-sensoriais tão fortes? Não há dúvidas de que o sentido da visão se torna ainda mais crucial nesta nova experiência - por isso, não basta mais apenas colocar as fotos de produtos em grade na internet.

Reproduzir algumas sensações da loja física é um primeiro caminho, com splashes de promoções, cenário e produtos 3D, além de frases e mesmo personagens característicos do ponto de venda. O segundo passo é formatar um layout dinâmico, pré-desenhado e adaptado ao "rolar de dados" para a melhor rotina de compras. Um webdesign responsivo para os mais variados tipos de tela (do desktop ao smartphone) também é essencial para oferecer uma experiência de compra fluida.

É preciso trabalhar, ainda, o gerenciamento por categoria (como será a apresentação de cada categoria, simulando o caminhar dos olhos pela gôndola), o sortimento (produtos são relevantes para seus consumidores), as rupturas (garantir a presença do produto para entrega), os preços (a forma de comunicar), a promoção (como chamar atenção pensando em um ponto extra e/ou ponta de gôndola, como destacá-lo para chamar atenção).

Infográficos, atributos em destaque, vídeos adesivados a produtos (como "veja receitas" ou "saiba como aplicar"), uma identidade visual criativa... Além de tudo isso, não podemos nos esquecer de novas tecnologias, como 5G, machine learning e IoT (Internet das Coisas), que deverão ampliar a celeridade e a dinâmica dos processos.

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Pensar em todo esse complexo sistema envolve, ainda, a análise de dados de navegação, levantamento de micro e macro perfil de compra, interconectividade com redes sociais e, claro, a loja física - voltamos a ela, afinal, a estratégia omnichannel deve ser acelerada no pós-pandemia.

Empresas que não entenderem a nova significação da gôndola virtual correrão grande risco de não terem mais sentido algum para o novo consumidor.

*Gerente de marketing da Montana Química

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