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Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

O que determina o sucesso?

Por Maria Cristina Manella Cordeiro
Atualização:
Maria Cristina Manella Cordeiro. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

Muitas pessoas nascem com talentos específicos e explícitos para determinadas atividades. Outras, nascem com uma inteligência acima da média, com QI elevado, em torno de 150 ou mais. Outras, ainda, são agraciadas com muita sorte. No entanto, nenhum desses fatores isoladamente são suficientes pra determinar uma vida de sucesso.

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Existem três circunstâncias que são fundamentais nesse processo: prática consistente, apoio familiar e oportunidade.

Foram realizadas algumas pesquisas com várias pessoas famosas e bem-sucedidas, a fim de se encontrar um fator comum entre elas. Descobriram um número mágico de 10.000 horas de prática nas suas respectivas atividades, deduzindo-se, portanto, tratar-se do mínimo necessário a conduzir alguém à excelência, em qualquer área da atividade humana, da arte à ciência, aos esportes ou empreendedorismo. Não há glória sustentável sem trabalho duro.

Suporte familiar ou, na sua ausência, suporte da comunidade, é essencial pra auxiliar jovens a enfrentarem as vicissitudes da vida, a lidarem com as emoções, ensinando-os a se expressarem propriamente e, assim, adquirirem empoderamento. Ninguém chega lá sozinho. Todos precisamos de guias, mestres e bons exemplos.

No entanto, e apesar da importância de todos esses fatores, são as oportunidades que decidirão o nosso futuro. E aqui chego ao ponto que desejo explorar.

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Um jovem talentoso, dedicado, mas sem oportunidade, é uma vida desperdiçada ou, no mínimo, vivida muito aquém das suas possibilidades. Perde esse jovem, perdem seus descendentes, perde um país inteiro.

O que o Brasil anda fazendo pra gerar oportunidade para nossos jovens? Vejo a Educação como a maior fonte de oportunidade que um país pode oferecer aos seus cidadãos, através de investimentos em políticas públicas adequadas, planejadas, estruturadas e bem administradas.

Com mais de 15 anos de trabalho nessa área, acompanhando as políticas públicas educacionais implementadas pela União Federal, infelizmente, não é o que vejo acontecer. Governos vem e vão, programas são criados e descontinuados ao sabor do viés e interesse político de cada um. Não há pesquisa prévia a definir as áreas onde a intervenção é necessária, não há planejamento adequado, e muito menos acompanhamento e fiscalização eficientes.

Nessa anarquia, alguns se aproveitam desse sistema caótico, enquanto muitos outros padecem pela falta de uma educação de qualidade capaz de formar cidadãos verdadeiramente preparados para a vida adulta e profissional. E assim, geramos a sociedade que ora se apresenta, não obstante os esforços de alguns Estados e o relativo sucesso de poucos outros.

Carecemos de liderança nacional, de governos com vontade política pra investir efetiva e criteriosamente em OPORTUNIDADES EDUCACIONAIS. Igualmente, precisamos de legisladores mais atentos a essas necessidades, auxiliando o país a construir mais e a destruir menos.

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São essas oportunidades que vão gerar cidadãos capazes, produtivos, autônomos, cada vez menos dependentes do Estado, agentes promotores de riquezas ao invés de consumidores de favores estatais. São essas oportunidades que criarão cidadãos mais conscientes de suas escolhas políticas, e menos vulneráveis às manobras politiqueiras.

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Isso pode não interessar a muitos políticos e a outros que não o são formalmente, mas agem como se fossem, mas interessa a nós, brasileiros de raiz, que suamos a camisa na tentativa de fazer deste país um lugar digno pra viver, que desejamos ver nossa nação pujante.

Até quando vamos continuar reféns dessas limitações? Até quando o Brasil vai aguentar tanta incompetência, tanta extorsão? Até quando teremos que esperar por um líder que conduza este país pra onde ele merece?

O Brasil é um gigante em ebulição. Não podemos esperar mais. Precisamos urgentemente de oportunidades. Se elas não vierem, nossas chances de sucesso ficarão para sempre no futuro, pois ninguém escapa das limitações impostas à sua geração.

*Maria Cristina Manella Cordeiro, procuradora da República

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