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O presidenciável ESG

Por Sílvio Ribas
Atualização:
Sílvio Ribas. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

Adepto de uma cartilha política inspirada na tradição mineira, com ênfase no equilíbrio e no diálogo, o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) leva adiante um inabalável e peculiar roteiro de presidenciável. Há um ano ele figura como potencial terceira via aos extremos Lula e Bolsonaro, mas com o figurino mais explícito de alternativa centrista. Até agora, o seu maior obstáculo continua sendo o próprio partido, que vai escolher em novembro o nome tucano para a corrida ao Planalto.

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Além da renovação política, Leite apresenta como vantagem competitiva para 2022 o seu perfil mais favorável à conciliação do que o do governador paulista João Dória, seu adversário no ninho tucano. Ele é tido por investidores do mercado financeiro como aquele que tem mais chances de vencer Lula e Bolsonaro, conforme revelou recente pesquisa da XP Investimentos.

Primeiro governador abertamente LGBT+ do país, o advogado e ex-prefeito de Pelotas é mesmo um pré-candidato à Presidência diferente. Não por ser gay, mas por se sintonizar com macrotendências que dispararam na pandemia da Covid-19. Ele exibiu altivez ao assumir a orientação sexual, em entrevista à Globo. Mas, bem antes disso, já encarnara como nenhum outro a tal agenda ESG, da sigla em inglês para sustentabilidade ambiental, consciência social e boa governança.

Leite continua costurando contatos com correligionários e líderes de outras legendas de Centro para se viabilizar nas primárias do PSDB e depois dela. Ainda pouco conhecido, conta com até 4% das intenções de voto nas pesquisas, mas espera angariar logo mais apoio de empresários e outros setores da sociedade. Para isso, não abre mão da agenda liberal na economia, defendida com vigor pela direita, nem abandona causas sociais, quase sempre mais associadas à esquerda.

O sucesso do governador gaúcho rumo ao posto máximo da República dependerá de quão cansado está o eleitor com a polarização que domina a política brasileira há décadas e de quão ligada a sociedade em geral está com a onda global da consciência ecológica e social. Cara ESG ele tem e a sua experiência como gestor também carrega trunfos nesse emergente ideário. Por outro lado, os demais pré-candidatos ainda parecem mais afetos aos temas do século 20, menos digitais, verdes e inclusivos. O futuro de todos ainda é incerto.

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*Sílvio Ribas, jornalista, consultor de relações institucionais e assessor parlamentar no Senado Federal

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