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O papel fundamental das empresas para o combate à corrupção

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Por Marcelo Oromendia
Atualização:

Marcelo Oromendia. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O combate à corrupção é uma luta fundamental de todos nós. Na perspectiva de cidadão, mas especialmente como líder de uma organização influente, penso que as empresas devem ter protagonismo nessa batalha, por meio de uma sólida governança corporativa. É aí que entra a importância de um programa de compliance robusto e atuante, possibilitando que as companhias, independente do seu tamanho e segmento, sigam operando da única forma aceitável, fazendo a coisa certa, respeitando as leis, a livre concorrência, os clientes, praticando processos regidos pela integridade que impactam na reputação da organização e beneficiam toda a sociedade.

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Mas o que é de fato compliance? Traduzido à língua portuguesa como conformidade, no ambiente corporativo significa agir de acordo com um conjunto de normas e processos, estabelecidos pela empresa, em coerência com seus princípios éticos e alinhados às leis do país, que devem ser observados, executados e cumpridos com foco, disciplina, transparência e controle.

Segundo pesquisa publicada pela KPMG (veja abaixo) sobre a maturidade do Compliance no Brasil, em 2017, 9% das empresas pesquisadas disseram não ter essa função em sua estrutura contra 3% em 2019. Já é um bom sinal de evolução e comprometimento das organizações nacionais. Em 2019, 83% dos entrevistados também reconheceram que a política e o programa de ética e compliance são eficientes para as suas companhias. Em 2017, essa porcentagem era de 71%.

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Em resumo, podemos afirmar que compliance é um conjunto de normas e processos que tem por objetivo detectar e prevenir situações irregulares, como possíveis fraudes e corrupção. Uma corporação que busca o sucesso, seja uma empresa privada, de capital aberto ou mesmo uma instituição associativa, deve ter a ética como pilar estratégico central, pois este valor transbordará inevitavelmente para o respeito entre funcionários, para relações íntegras com clientes, fornecedores, parceiros comerciais e mercado em geral, para o impacto construtivo da marca no ambiente e nas comunidades, sendo ingrediente primordial para o crescimento sustentável e a longevidade relevante de uma organização.

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Para adequar o ambiente corporativo ao compliance, qualquer organização precisa estabelecer algumas fases de controle. Primeiro, a organização precisa avaliar quais riscos de corrupção podem ser enfrentados nas negociações dentro do mercado onde atua. Após isso, a companhia deve cultivar uma cultura, alicerçada por política interna de combate à corrupção, que estabeleça mandatos e responsabilidades a serem cumpridos por todos, independente do cargo. Já a próxima fase deste processo consiste em criar mecanismos como códigos de ética e/ou de conduta, políticas e procedimentos internos que atuem na prevenção ou identificação de ações irregulares.

A seguir, é preciso criar canais de denúncia e processos de investigações internas, sejam por telefone, website ou e-mail, para os funcionários, colaboradores e público em geral. Para que este canal funcione, é imprescindível que a empresa invista em treinamentos frequentes de conscientização para seus funcionários e colaboradores, e garantir a não represália a aqueles que reportem uma irregularidade ou contribuam com uma investigação.

Na última etapa desta adequação está o monitoramento constante. Para que qualquer companhia siga a conformidade adequada, o acompanhamento contínuo é de extrema importância. Por isso, a criação de boas práticas, processos internos de auditorias e ações corretivas devem fazer farte da rotina da empresa neste círculo virtuoso.

No mundo corporativo, já atingimos um avanço significativo, mas ainda há muito a ser feito. Até porque a maturidade das regras que fazem parte de compliance leva ao aumento das responsabilidades por parte das empresas. No âmbito tecnológico, as questões relacionadas a riscos cibernéticos e data analytics passam a ganhar cada vez mais espaço e permitem antecipar riscos e implementar ações preventivas.

Investir em compliance é disseminar os bons valores não só ao mercado, clientes, fornecedores e acionistas, como também aos funcionários que atuam e fazem parte de qualquer organização consciente. É fundamental que as empresas priorizem o tema, que o incorporem à sua cultura, não somente pelos reflexos em sua reputação, mas, especialmente, para contribuir com o desenvolvimento social, econômico e moral do país em que atuam.  Além disso, as novas gerações cada vez mais consideram a reputação ética das empresas ao buscar posições no mercado, um movimento positivo que reforça a importância de programas de compliance.

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*Marcelo Oromendia, CEO da 3M Brasil

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