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O papel do ensino técnico no desenvolvimento do País

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Por Solan Valente
Atualização:
Solan Valente. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

O profissional técnico faz a economia pulsar pela natureza prática de seu ofício e pelo fato de ocupar parte significativa dos postos de trabalho. Não é de se admirar que empresas de todos os segmentos têm buscado estes profissionais incansavelmente: a formação técnica gera inserção rápida no mercado de trabalho e salários 18% maior do que os profissionais que têm apenas o diploma de ensino médio.

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O segmento de serviços foi o carro-chefe do PIB brasileiro em 2018, respondendo por mais de 75% das riquezas geradas no país, segundo dados do IBGE. Serviços estão intimamente relacionados à formação técnica porque pressupõem o "saber fazer", a ponta da cadeia produtiva, a interface direta com o consumidor.

Fenômenos sociais como o aumento da expectativa de vida, por exemplo, têm demandado cada vez mais ocupações técnicas relacionadas a bem-estar, saúde e qualidade de vida - nesse contexto, carreiras aderentes à beleza, cuidados com o corpo e saúde de idosos têm ganhado cada vez mais espaço.

As vantagens da formação técnica já são percebidas pela população brasileira. De acordo com o Ibope 2014, 90% das pessoas acreditam que há mais oportunidades para quem faz curso de Educação Profissional e Tecnológica. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) mostra que o percentual de estudantes do ensino médio que frequentaram educação técnica aumentou, passando de 5,6% em 2016 para 6,2%, em 2018.

A educação técnica mostra-se uma opção cada vez mais eficaz para a inserção imediata no mercado de trabalho, ao passo que se configura uma formação mais rápida e, por ser focada na prática, desenvolve competências muito demandadas por empresas de todos os segmentos. Outra característica favorável ao profissional técnico é a abundância de vagas - a área de enfermagem, por exemplo, é composta hoje 80% por técnicos e auxiliares, segundo dados do Cofen. E a carreira técnica ainda tem potencial para crescer no Brasil: sobram vagas para os profissionais com essa formação no mercado de trabalho. Estudos recentes indicam que ao menos 60% das empresas têm dificuldades em preencher postos na área técnica.

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Com crescimento da carreira técnica, o Brasil poderá se aproximar do patamar de outros países em que estudantes dão preferência por iniciar suas carreiras por meio da formação técnica após o ensino médio. Hoje, apenas 8% dos estudantes do ensino médio no Brasil optam pela formação técnica; o indicador encontra patamares muito diferentes em países como Alemanha (45%), Finlândia (55%) e Reino Unido (63%).

Por falar na Finlândia, vale ressaltar que o país é líder no ranking do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA) e conta com uma educação profissional que oferece oportunidades para aprendizagem e desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho. De acordo com a ministra da Educação do país, Sanni Grahn-Laasonen, o foco não é o tempo de estudo no currículo, mas os resultados de aprendizagem.

O objetivo da formação técnica, segundo ela, é construir um sistema de formação profissional flexível que responda da melhor maneira às necessidades do mundo do trabalho e permita às pessoas melhorar seu aprendizado ao longo da vida. A abordagem traz resultados bem-sucedidos para a Finlândia e pode ser um exemplo também para o Brasil.

É necessário aprender com a experiência de outros países e entender que tanto os profissionais com diploma de graduação quanto os técnicos são complementares e essenciais ao bom funcionamento e à sustentabilidade das empresas, dos serviços e da economia.

*Solan Valente é mestre em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador educacional do TECPUC

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