Esqueça aquela imagem da sala de aula com os alunos enfileirados, onde somente o professor tem voz e a aprendizagem se pauta pela "decoreba" e repetição. Esse é um cenário que ficou - ou, ao menos, deveria ficar - no passado para abrir espaço às metodologias ativas, aquelas mais dinâmicas, nas quais o docente atua muito mais como um parceiro de jornada e mentor do estudante do que como uma figura inatingível, que trabalha sozinha e apenas repassa o conhecimento.
Uma das metodologias ativas mais utilizadas consiste na sala de aula invertida (flipped classroom), que propõe uma inversão, como o próprio nome sugere, do modelo tradicional de aprendizagem. Aqui, em vez de o professor expor, sozinho, a matéria e passar uma tarefa para que os discentes resolvam em casa, os estudantes buscam os conceitos que serão trabalhados em classe antes mesmo da aula. Assim, a escola se transforma em um local de troca de ideias não apenas entre os professores e os alunos, mas entre os próprios estudantes.
Outra metodologia ativa que merece ser citada é a gamificação, que lança mão de técnicas de design de jogos sem que o único propósito seja o entretenimento. Chamada também de "ludificação", trata-se de um meio para que o estudante seja estimulado para chegar à aprendizagem de determinado conteúdo, que seria o objetivo final. O processo pode ser dividido por etapas e contemplar um storytelling que promova maior imersão, com uma recompensa para cada fase cumprida. Essa técnica gera uma sensação de dever cumprido no "jogador", que é bastante estimulante.
Importante ressaltar que tais metodologias estão ligadas ao conceito de Educação 5.0, desmembramento da Sociedade 5.0, surgida no Japão e que preconiza um modelo de organização social em que a tecnologia ultrapassa a ideia de mera ferramenta utilizada para aumentar a produção e consiste em um mecanismo voltado ao bem-estar social, a uma melhor qualidade de vida. Na Educação 5.0 o foco não é a tecnologia, somente, mas a tecnologia aliada ao estudante. É o segundo quem vai conduzir a primeira - e não vice-versa.
Novas metodologias e tecnologias, por conseguinte, caminham lado a lado e ajudam crianças, jovens e adultos, no caso de cursos universitários, de línguas e de extensão, a desenvolver um componente que hoje é essencial tanto no mercado de trabalho quanto na vida, como um todo: as soft skills.
Enquanto as hard skills são habilidades técnicas necessárias à realização de um trabalho, de fácil mensuração, as soft skills são habilidades comportamentais, mentais, emocionais e sociais que diferenciam um ser humano de outro, cruciais para que o indivíduo se destaque em várias áreas de sua vida e conduza de forma benéfica, para si e para os outros, suas relações interpessoais.
São habilidades como capacidade de organização, flexibilidade, trabalho em equipe, proatividade e criatividade, para citar algumas, que são extremamente estimuladas quando o estudante é colocado no centro do processo de aprendizagem. Não é exagero, portanto, afirmar que as metodologias ativas preparam o cidadão para o mundo e para o futuro, para que ele trace sua trajetória com autonomia ao mesmo tempo em que respeita e valoriza o trabalho coletivo.
*Adriana Masson é Head of Academic da Beetools