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O mundo corporativo e as escolas: lições de autogestão, resiliência e inovação

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Por Fabiola Overrath
Atualização:
Fabiola Overrath. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

A cada dia que passa o exercício de futurologia fica ainda mais difícil. Por acaso alguém se arriscaria em dizer como o mundo vai estar daqui a 10 ou 20 anos? De uma coisa nós sabemos: a "modernidade líquida", cunhada pelo sociólogo Zygmunt Bauman, se faz mais presente a cada minuto.

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Este conceito formulado por Bauman parte da premissa de que a nossa única certeza é a incerteza e de que a modernidade contemporânea é fluida, volátil e inconstante. É inevitável associar isso aos impactos que a pandemia causou nos diversos setores da economia e da sociedade. A pergunta que não quer calar é: como vamos nos preparar para um futuro que não sabemos efetivamente qual será?

Segundo o relatório "The Future of Jobs 2020", do Fórum Econômico Mundial, estima-se que 50% de todos os funcionários vão precisar de requalificação e 40% das habilidades fundamentais que são exigidas atualmente vão mudar até 2025. Dentre a lista das principais habilidades do futuro que constam no relatório estão: pensamento crítico, resolução de problemas, autogestão, aprendizagem ativa, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.

Agora vamos dar alguns passos para trás... Afinal, se pretendemos falar sobre o futuro do trabalho, do mundo corporativo; precisamos primeiramente falar da educação básica e como ela está inserida neste cenário de incertezas.

As Escolas brasileiras - tanto as particulares, quanto as públicas - são fundamentais para que as nossas crianças e jovens se desenvolvam à altura das exigências que o mercado profissional irá demandar.

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Por isso, foi importante a sinalização da UNESCO - por meio do relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, somado às novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) - que incluiu a relevância das competências socioemocionais no processo educacional. Os cinco eixos que constam na BNCC são: abertura ao novo, autogestão, engajamento com os outros, amabilidade e resiliência emocional.

Conseguem enxergar a semelhança? É isso mesmo, há convergência entre as habilidades futuras do mercado profissional e as competências socioemocionais que as Escolas brasileiras devem implementar. Isso é um grande passo para a nossa formação como sociedade.

Traçando um paralelo entre o mundo corporativo e as Escolas, por mais que pareça distante, há mais similaridades do que diferenças. Enquanto as empresas investem no lifelong learning dos seus funcionários por meio de Edtechs e universidades corporativas próprias, as Escolas valorizam docentes com titulação acadêmica e formação continuada. Ou seja, ambos os setores estão trabalhando para atualização dos seus quadros e retenção de talentos.

Focando especificamente nas habilidades de autogestão e resiliência, é possível enxergarmos mais semelhanças. Com o crescimento do home office e do ensino remoto, as famílias compartilharam um tanto dos ambientes corporativos e pedagógicos. Os CEOs e os diretores de Escola tiveram que lidar com as distâncias físicas dos seus colaboradores e, consequentemente, foi acelerado o processo de aumento da autonomia de cada profissional - visando o planejamento, execução e controle próprio de suas tarefas diárias.

Além disso, com um cenário jamais antes visto na história, ficou evidente a maneira como os profissionais tiveram que administrar as situações, se adaptar a novas plataformas e escopos de trabalho, controlar as emoções e lidar com mudanças constantes. A flexibilidade necessária que todos tivemos durante esta pandemia, reforçou o ser resiliente que somos por natureza ao contornar adversidades para seguirmos em frente.

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E a inovação? Como vamos garantir que as Escolas brasileiras possam ter as ferramentas e os recursos inovadores para que consigam formar e desenvolver pessoas no seu máximo potencial?

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De acordo com estudo de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o investimento em educação básica eleva o padrão de vida e a remuneração dos profissionais. O levantamento aponta que a aplicação de apenas 1% a mais, anualmente, do nosso Produto Interno Bruto (PIB) em educação básica, permitirá que o padrão de vida médio da população brasileira aumente até 26% nos próximos 50 anos.

Portanto, entre as diversas alternativas, enxergo o apoio financeiro e o acesso a capital para Escolas como a rota prioritária para trazermos segurança, planejamento de longo prazo e autonomia operacional. Desta forma (sim) teremos adultos prontos para o futuro que não sabemos qual será.

*Fabiola Overrath, sócia-fundadora e diretora de Operações e Pessoas do Educbank

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