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O futuro do dinheiro é digital (e está no bitcoin)

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Por Orlando Telles
Atualização:
Orlando Telles. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Há cerca de quinze anos atrás, a ideia de entrar no carro de um estranho para ir para algum lugar era uma loucura. Hoje, tenho quase certeza de que você pegou um Uber...

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O processo de digitalização em nosso dia a dia está cada vez mais presente, desde reserva de hotéis, até pedidos de refeições, quase tudo hoje está na camada digital e, agora, o próximo passo que devemos observar é a digitalização do dinheiro.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo The Economist em oito países, a probabilidade de os entrevistados utilizarem meios digitais para realizarem suas compras ao invés de dinheiro físico é mais de 60%.

Dados da mesma pesquisa mostraram, que não apenas as pessoas utilizam mais meios de pagamentos digitais como também há uma demanda latente por essa modalidade, visto que que 83% dos entrevistados afirmaram que desejam utilizar modalidades de pagamentos digitais.

Esse desejo é ainda maior entre as gerações mais novas, mais especificamente, dos Millennials, como mostrou uma análise recente do Deutsche Bank, que aponta que 76% dos Millennials do Reino Unido preferem meios de pagamento diferentes do dinheiro físico (como cartões de crédito ou wallets).

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Uma movimentação natural do mercado foi a tentativa de suprir essa demanda através de projeto privados, como a Libra (atual Diem), do Facebook, e com projetos estatais através das Central Bank Digital Currencies (CBDCs) como o Yuan Digital chinês.

Essa demanda dos países pela digitalização do seu dinheiro é tão clara que, como mostrado pelo Report do Bank of International Settlements (BIS), 80% dos bancos centrais estão desenvolvendo sua própria criptomoeda, com destaque para países como França e Japão, que já estão em fases de testes com sua moeda, e para o Brasil, que deve ter sua CBDC em 2022.

Se torna claro que o futuro (e o presente) do dinheiro será digital, mas será que ele será centralizado, ou seja, controlado por um órgão regulador: como um banco?

Apesar de inovador, a realidade da digitalização do dinheiro, especialmente através de CBDCs, pode ser assustadora.Afinal, ao mesmo tempo que você tem a facilidade de realizar todos os pagamentos necessários em seu celular, você está registrando todos os seus dados financeiros para o provedor dessa tecnologia...

Cada informação sua será enviada e armazenada por um servidor, que está sujeito a vários riscos, desde ficar off-line até ser hackeado e ter todas as suas informações divulgadas.

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Com isso, um grande dilema se torna evidente: o quanto vale a pena renunciar a sua privacidade para aproveitar a inovação dos meios de pagamento?

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Consoante ao estudo realizado pelo Quick Book, os dois principais medos dos brasileiros em relação ao Pix estão relacionados exatamente com fatores negativos de bases de dados centralizadas, que são os vazamentos de informações e a dificuldade de confiar nos responsáveis por essas. Estamos falando dos pilares do sistema financeiro tradicional.

Nesse sentido, uma grande saída para esses problemas está nas criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin (que, a esta altura, você provavelmente já ouviu falar).

Quando pensamos em criptomoedas, apesar da falta de conhecimento por parte público geral sobre o funcionamento desses ativos, grandes problemas e dilemas da digitalização do dinheiro são solucionados.

O fato de as bases de dados serem descentralizadas (ou seja, não são controladas por grandes órgãos, mas sim por um sistema democrático), reduz significativamente o risco de eventuais falhas desse sistema, e da perda de dados. Além disso, como são ativos criptografados, o risco de vazamentos de dados, e de Hack, é muito pouco provável.

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Quando pensamos no processo de digitalização dos meios de pagamento, talvez, uma das melhores alternativas para manter a privacidade e a liberdade da população pode ser através da descentralização do dinheiro, usando ativos como o Bitcoin, por exemplo.

O futuro do dinheiro será digital, a grande questão agora é como ele será construído, se de maneira descentralizada ou centralizada... e isso serão os consumidores que irão decidir.

*Orlando Telles, Head de Pesquisa da Mercurius Crypto

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