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O favor da incerteza

Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A incerteza existe para nos fazer um grande favor, mas dificilmente aprendemos a admirá-la: gostar da incerteza significa gravitar entre os extremos da medição excessiva de efeitos passados e do falso controle de eventos futuros, e convenhamos: a própria ideia de gravitar nos traz uma sensação de fragilidade.

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Uma sensação equivocada, no entanto: o sucesso nos negócios parte de um foco cuja sintonia ocorre menos por planejamento rígido do que pela liberdade da tentativa e erro. No Antifrágil, Nassim Taleb nos ensina que, se monitoramos algo muito frequentemente, tendemos a perceber bem mais ruídos do que sinais (o que vale tanto para a análise do preço de uma ação em Bolsa quanto para a checagem paranoica de uma postagem nas redes sociais).

Muitas previsões sobre o futuro, porém, captam principalmente o ruído, ao cometer o engano de tomar o mundo atual e apenas projetar nele uma tecnologia conhecida. Os que conseguem se desprender de tal mecanismo alcançam resultados como os de Alvin Toffler -- que previu, na década de 1970, que a analfabeto do século 21 não seria mais quem não soubesse ler e escrever, e sim os incapazes de aprender, desaprender e reaprender.

O que define o futuro é a realização, e não a previsão, mas temos dificuldade de desaprender sobre as "certezas": a incerteza é o que nos tira a gravidade (em ambos os sentidos) e nos presenteia, voltando ao Antifrágil, com a oportunidade de colocarmos a pele no jogo: arriscar errar e acertar como base para escrevermos nossa própria história (e a de empresas, mercados e -- por que não? -- países) pelo parâmetro da volatilidade. E com isso, alcançarmos o verdadeiro propósito.

Daí exemplos como os de Steve Jobs (Apple), Yvon Chouinard (Patagonia), Jenn Hyman (Rent The Runway), Nolan Bushnell (Atari), Jack Ma (Alibaba), John Mackey (Whole Foods Market), Joe Gebbia (Airbnb) -- e todos empreendedores e empreendedoras que estão reinventando ou já reinventaram o mundo simplesmente por colocarem o esforço e a pele no jogo; e o foco em aceitar o favor que a incerteza nos faz.

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*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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