Felizmente, o conceito e a mentalidade ESG têm conquistado mais corpo e espaço nas empresas e no mundo. E, com o amadurecimento do tema, é natural que se passe a entender a sustentabilidade de forma ainda mais ampla.
Já se sabe que não são apenas três, mas sim quatro pilares centrais - com a inserção do fator econômico - que precisam ser igualmente sólidos e equilibrados.
O primeiro passo foi conscientizar investidores, conselheiros, diretores e tomadores de decisão em geral, que além não ser novo, o conceito ESG também não era modismo ou peça publicitária. Sendo imperioso para o modelo de negócios das empresas.
O crescente clamor social dos consumidores, colaboradores, parceiros comerciais, mídia e sociedade em geral, demonstra que temos que agir rapidamente para reorganizar a relação entre os fatores produtivos, corrigindo abusos e equívocos ao buscar não apenas a rentabilidade momentânea e o retorno do capital, mas a sustentabilidade.
O mundo não aguenta mais o que já se chamou de capitalismo selvagem e preconiza capitalismo consciente.
Aos poucos o mercado percebeu que as empresas mais conscientes e preocupadas com o contexto maior estavam certas. Elas passaram, então, a servir de inspiração e de comprovação de que o conceito ESG pode e precisa funcionar.
Vimos que vários negócios precisavam de coerência, pois focavam apenas em ou outro pilar, sem considerar os demais (não atingindo o equilíbrio) e agora perceberam a evolução corporativa.
Outra questão a ser fortemente debatida é a terceirização de mão de obra, necessária em muitos segmentos para gerar eficiência. Muitas empresas já entenderam que não podem mais se esconder atrás da terceirização, pois são responsáveis por tudo o que se relaciona ao seu negócio no contexto da sustentabilidade.
Respeitar a lei e a ética é obrigação de todos, mas agir em conformidade com o conceito "EESG" é o se espera das empresas conscientes. A inovação agora inclui os quatro pilares e é o único caminho para gerar admiração e atrair bons investimentos e parceiros.
As Pessoas Jurídicas (empresas), não operam "no vácuo", sendo figuras cada vez mais importantes na sociedade, na economia e na geopolítica. E se tanto impactam e interferem, é natural que colaborem positivamente com o contexto global.
Se antes pensávamos nas empresas como estruturas para a produção e oferta de bens e serviços à sociedade, gerando empregos e tributos, passamos a incluir a função social desses organismos e a vê-las como agentes de desenvolvimento econômico, além de social e ambiental - embasadas na governança.
O antigo foco na mera geração de resultados financeiros, que por vezes motivavam e justificavam até mesmo os bônus excessivos de muitos executivos, mostrou-se ultrapassado. O foco evoluiu para a avaliação que leva em conta o conjunto, ou seja, o que a empresa gera e como impacta seus negócios, sociedade e entorno.
Uma das belezas da evolução da governança corporativa, que já tinha passado do foco nos "stockholders" para os "stakeholders", é que agora inclui os "no-holders" (ou seja, todos os envolvidos e impactados, ainda que indiretamente), em função do aumento de consciência e de responsabilidade empreendedora.
Os negócios e as operações empresariais são cada vez mais integrados, em enormes cadeias produtivas e operacionais (independentemente do segmento ou do mercado), locais, regionais e mundiais (inclusive por conta da globalização e das terceirizações), e em função disso já não se podia focar apenas na governança interna.
Percebemos que o trinômio base do conceito precisava ser fundado, também, no pilar econômico, e passamos a usar a denominação "EESG" (econômico, ambiental, social e governança) para representar a sustentabilidade empresarial plena. Aprendemos, pois, que empresas conscientes e sustentáveis valem mais!
A tensão social gerada pelos abusos e preconceitos ligados aos direitos humanos e sociais, além da destruição do meio ambiente demonstrada todos os dias pelos desastres naturais e pelas tragédias climáticas, são alguns dos exemplos de que se nada fosse feito para corrigir os erros, em breve já não teríamos nem sociedade e nem planeta. E, obviamente, nem mesmo empresas.
A inclusão da conscientização de investidores (como os grandes fundos que assim já se posicionam) e de bancos (com mecanismos e taxas diferenciados), bem como dos segmentos de listagem e de análise das empresas nas bolsas de valores, demonstrando que já não se aceita empresas não comprometidas com a sustentabilidade, uniram-se a decisões de empresas em seus movimentos de fusões e aquisições (M&A) ao considerar apenas projetos que efetivamente sejam E-ESG sustentáveis.
Negócios e empresas tradicionais estão se adaptando, e os novos projetos já estão nascendo nesse novo modelo, com a ajuda de todos nós.
O conceito "EESG" ganhou notoriedade, gerou conscientização, e movimenta as empresas para, ao menos, começarem a mapear aspectos e temas, definindo por onde começar, e lançando suas metas e compromissos para os próximos anos. Com isso, os relatórios de sustentabilidade já são divulgados aos mercados com novas informações e padrões, também, de comunicação, sobre as suas atividades.
Percebem empresários e executivos que é fundamental que todos entrem em ação (não podendo ficar no campo teórico ou no "papel"), pois o que já foi um diferencial, e até um exemplo, agora é fundamental, e questão de sobrevivência, sob todos os 4 pilares básicos (em equilíbrio e com coerência).
Buscamos, agora, a sustentabilidade plena, dos negócios e das empresas, construindo organizações cada vez mais E-ESG, pois são essas que sobreviverão em seus mercados.
*Leonardo Barém Leite é sócio sênior do escritório Almeida Advogados, especialista em Direito Societário, M&A, Governança Corporativa, ESG, Contratos, Projetos, "Compliance" e Direito Corporativo